
No entanto, ele também deixou claro que o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda é o favorito da bancada evangélica, apesar dos reveses judiciais e acusações de corrupção. Silas Câmara já chefiou a bancada entre 2019 e 2020, durante o primeiro biênio de Bolsonaro no poder.
Câmara expressou sua simpatia pela ideia de restringir ainda mais o aborto e defendeu o “eixo da maioria” para impor visões conservadoras, como o veto a direitos LGBTQIA+. Ele minimizou o receio de que a bancada evangélica será amigável demais com o governo petista, mas também não quer romper as pontes com o Executivo.
O deputado reconheceu que reconstruir pontes entre Lula e o campo evangélico pode ser desafiador, devido às diferenças de princípios e às diretrizes que vão contra os valores cristãos. Ele citou uma resolução do Conselho Nacional de Saúde que propõe reduzir para 14 anos o início da terapia hormonal em pessoas transgênero como exemplo.
Em relação ao apoio a Bolsonaro, Câmara afirmou que os evangélicos não costumam condenar ou julgar antecipadamente, e que é importante respeitar o direito de defesa do ex-presidente. Ele destacou as afinidades entre Bolsonaro e os evangélicos, incluindo o fortalecimento da distribuição de renda para alcançar a comunidade evangélica.
O parlamentar também ressaltou a importância de manter uma presença forte nas comissões do Congresso Nacional e de impor obstáculos a projetos que vão contra os interesses dos evangélicos. Ele criticou a tendência do Supremo Tribunal Federal em descriminalizar a maconha e afirmou que o STF avança sobre a pauta do Executivo e do Legislativo de forma inconstitucional.
No final da entrevista, Câmara expressou a importância de ter representantes evangélicos em todas as esferas do governo, mas ressaltou que a indicação é prerrogativa do presidente. Ele mencionou a possibilidade de um evangélico ocupar a vaga deixada por Rosa Weber no STF, e destacou a presença do ministro André Mendonça, o segundo protestante na corte.
Silas Câmara é um empresário e pastor amazonense em seu sétimo mandato como deputado federal. Sua família tem grande influência nas igrejas evangélicas do Norte do país, com seu irmão, Samuel Câmara, liderando a Assembleia de Deus Igreja Mãe. Silas Câmara liderou a bancada evangélica em 2019 e reassumiu o posto em agosto de 2023.