Stédile, durante CPI, reconhece falha do MST ao invadir Embrapa e defende independência na administração de Lula.

No começo deste ano, como parte das ações do “abril vermelho”, o MST invadiu uma área de preservação ambiental e de pesquisas genéticas da Embrapa em Pernambuco. A ocupação foi considerada “inaceitável” pela empresa pública.
Em seu depoimento, Stédile reconheceu que o ato foi um equívoco, mas tentou justificar a invasão afirmando que cada acampamento tem autonomia para decidir suas ações. Ele também alegou que a invasão ocorreu porque era “a área pública mais próxima” e que o objetivo era chamar a atenção da opinião pública sem causar destruição.
O líder do MST foi questionado sobre a existência de uma associação que detém o controle sobre o site do movimento, assina convênios e recebe recursos públicos em seu nome. Stédile alegou não ter conhecimento dos repasses financeiros a essa associação.
O relator da CPI confrontou Stédile nas acusações de que lideranças de assentamentos se apropriam indevidamente de recursos e não os distribuem para os demais assentados. O líder do MST alegou que esses são casos isolados, mas o relator contestou, afirmando que as informações apuradas pela CPI contradizem essa versão.
Durante o depoimento, Stédile aproveitou para fazer propaganda das ações do MST e criticar setores do agronegócio que, segundo ele, não perceberam os prejuízos que causam. A Aprosoja foi um dos principais alvos de seus ataques, chamando o agronegócio de “burro” e dizendo que está com os dias contados.
A sessão foi marcada por confrontos entre Stédile e o relator. O líder do MST afirmou que políticos ligados ao PT e PSOL fazem parte do movimento, mas negou que tenham influência sobre as decisões do MST.
Stédile foi aplaudido e abraçado por parlamentares do PT e PSOL durante sua chegada à Câmara dos Deputados para depor. A oposição viu essa audiência como uma oportunidade de fazer denúncias sobre o MST, enquanto a base do governo Lula fez a defesa do movimento.
A apresentação do relatório final da CPI do MST foi adiada. Deputados da oposição planejam fazer diligências na região sul da Bahia antes de encerrar os trabalhos. A visita ao estado está prevista para o próximo dia 25, e espera-se que essa seja a última ação da CPI antes do prazo limite, dia 14 de setembro. O estado da Bahia é uma das principais frentes de investigação da comissão, que busca apurar o papel da polícia do estado em desarticular invasões e os planos do governo para coibi-las. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, teve sua convocação anulada pelo presidente da Câmara.
No geral, o depoimento de João Pedro Stédile à CPI do MST foi marcado por confrontos com o relator, acusações sobre o agronegócio e tentativas de justificar as invasões promovidas pelo movimento. A sessão também teve uma recepção incomum, com o líder do MST sendo aplaudido e abraçado por parlamentares do PT e PSOL. O relatório final da CPI foi adiado e deputados da oposição planejam fazer diligências na Bahia antes do encerramento dos trabalhos.