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Pesquisa revela poder antioxidante e anti-inflamatório do inajá e açaí, impulsionando suas qualidades terapêuticas em SP.

Um estudo científico realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou que os resíduos de inajá e açaí, resultantes da extração de óleo das frutas, possuem compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Os resultados inéditos da pesquisa foram publicados nas renomadas revistas científicas Food Research International e Foods.

De acordo com Anna Paula de Souza Silva, cientista de alimentos e autora principal dos artigos, a indústria agroindustrial gera uma quantidade significativa de resíduos, muitas vezes em volumes superiores aos produtos finais comercializados. Ao ser procurada por uma empresa que processa frutas para extração de óleos, ela e sua equipe sugeriram investigar os resíduos, que possuem um rendimento maior do que os próprios óleos ao final do processo e são frequentemente descartados e pouco explorados.

Silva, que estuda o potencial bioativo dos resíduos de açaí e inajá desde o mestrado, explica que a literatura científica já reporta a presença de propriedades bioativas em outros subprodutos do processamento de alimentos. No entanto, os resíduos das frutas açaí e inajá ainda não haviam sido cientificamente investigados. Portanto, a pesquisadora enxergou uma grande oportunidade de estudar esses resíduos, que atualmente não possuem uma destinação específica.

Geralmente, na extração de óleos, as frutas como o açaí são maceradas em água quente, as sementes são removidas e a polpa é extraída, seca e prensada. Já no caso do inajá, o processo é semelhante, porém, a casca é removida logo no início. O material resultante é chamado de “torta”. A partir dessa torta, Silva desenvolveu métodos de extração que permitiram a produção de um extrato rico em substâncias antioxidantes e realizou diversas análises para determinar as propriedades dos extratos.

Os principais compostos identificados no extrato de inajá foram as procianidinas, enquanto o extrato de açaí apresentou antocianinas, flavonas e flavonoides. Essa caracterização é única, pois até então não haviam sido identificados em estudos anteriores. Além disso, os extratos apresentaram atividades anti-inflamatória, antioxidante e antimicrobiana. Os pesquisadores também analisaram a capacidade dos extratos de diminuir a concentração de espécies reativas de oxigênio, que são prejudiciais à saúde humana e afetam a vida útil dos alimentos.

Os resultados obtidos são extremamente promissores e abrem portas para a economia circular. Severino Matias de Alencar, um dos autores do estudo, destaca que os resíduos de açaí e inajá possuem um alto potencial de reaproveitamento, podendo ser utilizados nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. Empresas interessadas em produtos livres de ingredientes de origem animal já entraram em contato com os pesquisadores, demonstrando interesse em utilizar esses extratos em seus produtos.

No momento, os pesquisadores estão avançando nos estudos sobre a absorção dos compostos bioativos e seu transporte celular em modelo de células do intestino humano. Além disso, eles planejam desenvolver protótipos de alimentos enriquecidos com os extratos estudados. Os resultados obtidos até agora são um passo importante para a valorização de resíduos e o desenvolvimento de produtos mais saudáveis e sustentáveis.

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