O governo de Tarcísio desenvolve projeto de internatos rurais para população em situação de rua.

Essa iniciativa tem sido considerada inovadora pela Secretaria de Educação, que recentemente enfrentou críticas por outra iniciativa semelhante. No caso anterior, a secretaria havia anunciado que abriria mão dos livros fornecidos pelo Ministério da Educação, optando por utilizar apenas material didático digital produzido em São Paulo. No entanto, após receber críticas e ter um inquérito aberto pelo Ministério Público, o governo recuou da medida.
De acordo com a Secretaria de Educação, a proposta das escolas rurais para pessoas em situação de rua faz parte do desenvolvimento de programas educacionais que visam auxiliar a população em situação de vulnerabilidade. Para isso, foi iniciado o processo de contratação de um consultor que irá estudar alternativas de acesso à educação para esse grupo.
Essa ideia é apresentada como parte de um projeto da Unesco, o braço das Nações Unidas responsável por educação, ciência e cultura. A agência da ONU possui um acordo de cooperação técnica com a secretaria paulista desde julho de 2019, com o objetivo de realizar diagnósticos, identificar e consolidar boas práticas pedagógicas, curriculares e de gestão no campo educacional.
No entanto, a representação da Unesco no Brasil informou que não participa da implementação ou planejamento desse programa. A agência afirmou ter recebido uma solicitação de contratação de consultoria para diagnóstico e levantamento de dados sobre a situação educacional da população em situação de rua, mas essa solicitação não foi viabilizada, pois não faz parte do projeto estabelecido entre a Secretaria de Educação de São Paulo e a Unesco.
Diante dessa proposta, dois deputados estaduais apresentaram requerimentos à secretaria solicitando informações sobre o projeto. A deputada Professora Bebel, do PT, argumenta que políticas higienistas têm o objetivo de retirar da sociedade as evidências das desigualdades sociais. Ela relaciona essa política à proposta de escolas rurais para pessoas em situação de rua.
Já o deputado Maurici, também do PT, questiona os motivos pelos quais os internatos seriam implementados em áreas rurais e não urbanas, onde se encontra a maioria da população em situação de rua. Ele também questiona a justificativa jurídica para o deslocamento e confinamento compulsório de cidadãos em instituições isoladas dos centros urbanos.
Diante dessas questões, Maurici afirma que é necessário obter maiores informações sobre o projeto, para entender se trata-se realmente de uma busca por soluções para essa população ou se é apenas a criação de guetos. O deputado também critica o governo por anunciar projetos e depois recuar, como aconteceu com o caso do deslocamento da cracolândia para o Bom Retiro e o abandono do livro didático digital. Ele questiona se o governo não possui rumo ou se tem uma política deliberada de medir a reação da sociedade e, se necessário, recuar.