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Novo livro destaca mulheres pioneiras que revolucionaram a ciência, trazendo suas vidas e conquistas para inspirar novas gerações.

Uma colega me apresentou o livro “101 Mulheres Incríveis que Transformaram a Ciência”, o qual recomendo vivamente à leitora e ao leitor, de qualquer idade.

Tenho que confessar que o folheei com algum embaraço. Das cientistas apresentadas, cerca de 30 são matemáticas ou astrônomas, todas com histórias muito interessantes. Como é possível que, em décadas de vida como matemático, desde sempre interessado em conhecer a minha ciência de forma tão ampla quanto possível, eu só tenha ouvido falar de um punhado delas? Em alguns casos, eu até conhecia o sobrenome, mas, admito, por causa de um parente homem…

Nas próximas semanas contarei aqui algumas dessas histórias fantásticas que aprendi em “101 Mulheres…” e outras fontes.

Athirte nasceu no Egito por volta de 1900 a.C. e conhecemos o seu nome por intermédio do historiador grego Diodoro da Sicília, que, entre 60 e 30 a.C., escreveu uma história universal em 40 volumes (apenas 15 sobreviveram até os nossos dias).

No primeiro volume, Diodoro conta que Athirte era filha do faraó Sesóstris, da 12ª dinastia do Egito, e desfrutava de grande prestígio na corte por sua capacidade para calcular com precisão a posição dos planetas. Na época, a principal aplicação era na previsão do futuro, e parece que as observações de Athirte costumavam estar certas, para grande satisfação de seu pai.

Mas ela não é a astrônoma mais antiga de que temos conhecimento. En-Hedu-Anna era filha do rei Sargon, o Grande, fundador do império da Acádia, e viveu na cidade de Ur por volta de 2300 a.C.. Foi sacerdotisa e teria dirigido observatórios astronômicos do reino. Deixou escritos em tabuletas de argila com ideias, hinos e poemas sobre as estrelas. Numa época em que os escritos costumavam ser anônimos, ela talvez tenha sido a primeira pessoa na história a assinar uma obra autoral.

Séculos mais tarde, o historiador grego Plutarco (46–119) escreveu sobre a astrônoma Aglaonice, que viveu na Tessália, ao norte da Grécia, nos séculos 2° e 1° a.C., e era famosa por seus cálculos de eclipses lunares.

Segundo Plutarco, Aglaonice era profunda conhecedora do movimento e das fases da Lua e, “sabendo com antecedência quando seria ocultada pela sombra da Terra, dizia a todos que tinha o poder de fazer desaparecer a Lua dos céus”. Não sabemos se os contemporâneos tomavam a sério esses exageros, mas parece que eles trouxeram a Aglaonice uma reputação de bruxaria. O que, infelizmente, não é incomum para mulheres da ciência.

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