10 ações capacitistas que passam despercebidas por você.

No meio da reunião, seu chefe te colocando na parede, fazendo pressão e você solta o argumento mór dos desesperados: “estou sem braços para isso”.
Não sou nenhum patrulheiro de expressões idiomáticas, mas toda vez que a gente atribui incompetências, entraves ou impossibilidades fazendo uso de inabilidades físicas, sensoriais ou intelectuais, o capacitismo –preconceito contra pessoas com deficiência— aflora.
Vale refletir sobre “é tão fácil que um cego poderia fazer”; “está usando essa desculpa como muleta”; “o mercado abriu meio autista”, “trocou os pés pelas mãos”. Ter uma condição diferente não imputa a ninguém bloqueios eternos. Tudo se refaz, se reinventa, se completa de outra maneira.
“Mas essa médica anda de cadeira de rodas? Como ela examina?”; “Como essa moça surda vai dar conta de fazer a tarefa assim”. Duvidar do preparo intelectual de uma pessoa com deficiência sem base real é capaticismo clássico. Não projete a sua incapacidade no outro.
O atendente tem síndrome de Down e você foge dele porque não sabe “lidar”. Ainda não foi criado o “manual do serumano”, então, abra-se à diferença dos outros, aprenda outras formas de se comunicar e trocar. Evitar uma pessoa com deficiência, fingir que ela não existe, emperra a inclusão e é capatismo.
Propagar que uma tetraplegia, uma paralisia cerebral foi punição de “gzus”, foi para pagar as maldades e coisas religiosas do tipo. Seja qual for sua fé, a humanidade é prática que pode ser comum.
É capacistismo quando não se promove acessibilidade porque “ninguém com deficiência vem aqui”. Ir e vir é direito; instrumentos de inclusão são amparados por lei e ser bem-vindo implica ter as portas abertas e convites com sorrisos.
Todas as vezes que se diz que um cadeirante que só toca sua rotina normalmente é um exemplo de superação, além de os pandas chorarem no Himalaia, uma demonstração capacitista foi dada. Normalmente, enaltecer demais uma pessoa com deficiência oculta a falta de ações concretas para que ela acione a vida social, a cidadania. Méritos devem ser elogiados, realizar o básico é da vida.
Uma das formas mais complexas de capacitismo é o ajudar sem ninguém ter pedido, ofender-se por ter ajuda recusada e insistir para ajudar. Costumo dizer que nunca consigo tocar minha cadeira por mais de dez metros porque irá aparecer o escoteiro do dia atrás de fazer sua boa ação. Todo o mundo vive melhor sendo prestativo, mas é sempre bom saber como auxiliar, se é de fato necessário e qual o nível de apoio você pode dar. Pessoas com deficiência também curtem ter autonomias.
Se na sua escola não tem aluno com deficiência, se no seu trabalho não há profissionais com deficiência, pode apostar, alguém na estrutura está sendo capacitista. Cobre inclusão e diversidade!
Tratar uma criança com deficiência como anjo colorido ou serzinho iluminado é fofo, mas é capacitista, assim como fazer “guti-guti” com um homem tetraplégico que você pensa ser um bebê.
Deficiência não define gênero. Existe cadeirante sapatão, surdo gay. Todos têm –ou merecem ter– vida sexual, expressão de gênero. Qualquer pensamento contra isso, é duplo preconceito.
Democratizar o acesso à informação é uma das maiores contribuições para uma sociedade mais inclusiva. Somente quando estamos cientes dos preconceitos e estereótipos existentes é que podemos começar a desafiá-los e criar espaços verdadeiramente igualitários. Portanto, é fundamental que cada um de nós esteja atento às expressões e pensamentos que reproduzimos, pois muitas vezes sem perceber acabamos reproduzindo formas de preconceito e excluindo pessoas com deficiência.
É importante compreender que a deficiência não é um obstáculo intransponível. Pessoas com deficiência têm capacidades, talentos e habilidades que merecem ser valorizadas e respeitadas. Precisamos superar a ideia de que ser diferente é sinônimo de inferioridade ou limitação.
Além disso, é essencial promover a inclusão e a diversidade em todos os ambientes, sejam eles escolas, locais de trabalho ou espaços públicos. Isso significa garantir acessibilidade física, comunicacional e social para que todas as pessoas possam participar plenamente da sociedade.
É necessário também quebrar os estereótipos e tratar as pessoas com deficiência com respeito e dignidade. Não devemos infantilizá-las ou subestimar suas habilidades. Cada pessoa é única e merece ser tratada de acordo com suas capacidades e desejos.
Por fim, devemos lembrar que a deficiência não define a identidade de uma pessoa. Ser cadeirante, surdo ou ter qualquer outra deficiência não impede alguém de ter uma vida sexual, de expressar sua identidade de gênero ou de desenvolver relacionamentos saudáveis. Todos merecem ser vistos e respeitados em sua plenitude.
Portanto, é fundamental combater o capacitismo em todas as suas formas. Somente através de uma sociedade inclusiva e livre de preconceitos poderemos garantir que todas as pessoas possam viver com dignidade e igualdade de oportunidades. A inclusão não é um favor, é um direito de todos.