As diferentes realidades e desafios do Brasil do Norte e do Brasil do Sul revelam a complexidade do país.

Essa ideia de separatismo não é nova, remonta à época da Inconfidência Mineira, quando defendia-se a independência política da Coroa Portuguesa. Os idealizadores da Inconfidência, como Tiradentes e Claudio Manuel da Costa, buscavam justiça, liberdade e igualdade. No entanto, o movimento não alcançou seus objetivos imediatamente, mas acabou contribuindo para a formação do Brasil que conhecemos atualmente.
Na mesma região de Minas Gerais, surge agora a proposta de criação de uma união entre os Estados do Sul e do Sudeste, baseada no “protagonismo” dessas regiões. Porém, diferentemente da Inconfidência, essa proposta visa menos justiça, liberdade e igualdade.
A integridade territorial do Brasil já resistiu a diversos movimentos separatistas ao longo da história, mas essa nova proposta apresenta uma fundamentação curiosa: a comparação com as “vaquinhas” que produzem muito e as que produzem pouco. Essa teoria das “vaquinhas” pode ser interpretada como uma forma de categorizar quem seria considerado “produtivo” e quem seria “os outros”.
A verdade é que, mesmo antes dessa proposta surgir, já vivemos em um país dividido e desigual. Enfrentamos diferenças regionais, desde falta de infraestrutura até cidades inteligentes, tudo em um mesmo Brasil. A única coisa que falta é a construção de um muro físico para materializar essa divisão.
No entanto, é curioso notar que o discurso separatista deixou de lado a região do Centro-Oeste. Seria uma região híbrida que se encaixaria nos critérios de produção? Isso não fica claro no mapa proposto. Também levanta a questão de como ficariam locais turísticos como Jericoacara, Fernando de Noronha e Trancoso, que poderiam se tornar enclaves para os “mais produtivos”.
Se olharmos apenas para os aspectos políticos e econômicos, essa divisão poderia parecer uma solução viável. No entanto, teríamos que nos acostumar com diferenças culturais e a sensação de estarmos em um país estrangeiro dentro do próprio Brasil. Teríamos duas seleções para torcer na Copa do Mundo, dobrando as chances de conquista. Enfim, seria uma realidade completamente diferente da qual estamos acostumados.
Entretanto, neste momento, não é o momento de nos dividirmos ainda mais. Apesar de todas as nossas diferenças, é importante lembrar que somos todos brasileiros e devemos lutar pela união e não pela separação.
Em meio a essas reflexões, podemos citar a célebre frase de Chico Buarque: “Alguma coisa está fora da ordem”. Devemos valorizar a diversidade cultural e regional do Brasil, mas sem nos deixar levar pela ideia de se estilhaçar ainda mais. É preciso celebrar o que nos une e encontrar soluções para diminuir as desigualdades, ao invés de alimentar discursos separatistas.
Dessa maneira, devemos buscar um Brasil que seja de todos, onde a justiça, a liberdade e a igualdade sejam garantidas para todos os seus habitantes, independentemente de sua região.