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Segundo Thelma Krug, ex-vice presidente do IPCC, América Latina e Brasil são regiões extremamente suscetíveis aos efeitos da mudança climática.

Nos últimos três meses, o governo brasileiro tem se dedicado a apoiar a candidatura da pesquisadora Thelma Krug à presidência do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), fazendo investimentos para fortalecer suas chances. Thelma Krug é matemática de formação e já ocupou o cargo de vice-presidente do IPCC entre 2015 e julho de 2023. Antes da votação, ela se reuniu com delegações de mais de dez países para conquistar apoio.

No entanto, apesar dos esforços, a candidatura de Thelma Krug foi superada pelo cientista britânico Jim Skea, que foi eleito em plenário para o cargo de presidente do IPCC. Se Thelma Krug tivesse sido eleita, seria a primeira mulher a presidir o órgão.

Thelma Krug expressou sua frustração com o resultado em uma entrevista à BBC News Brasil, questionando por que o Brasil investiu tanto em sua candidatura se não tinha confiança em seus requisitos para o cargo. Ela também levantou a questão de se uma mulher ou um representante de um país em desenvolvimento terá a oportunidade de ocupar o cargo algum dia.

O IPCC é responsável por fornecer avaliações científicas sobre a mudança do clima e propor opções de adaptação e mitigação para os formuladores de políticas públicas. Thelma Krug, além de vice-presidente do órgão, foi membro da Força-Tarefa do IPCC sobre gases de efeito estufa por 13 anos.

A pesquisadora destacou que o Brasil e toda a América Latina estão entre as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas. Ela citou secas, fortes precipitações, aumento da temperatura média, ondas de calor e ciclones tropicais como alguns dos problemas enfrentados pelo país. Além disso, Thelma Krug ressaltou que a desigualdade social, a pobreza e o uso não sustentável de recursos contribuem para agravar os impactos das mudanças climáticas.

Thelma Krug também comentou sobre a meta global de frear o aquecimento global a 1,5ºC até 2100, estabelecida pelo Acordo de Paris. Ela afirmou que essa meta está se tornando cada vez mais difícil de ser alcançada e que reduções rápidas e ambiciosas nas emissões de gases de efeito estufa são necessárias.

No contexto brasileiro, Thelma Krug mencionou o desafio enfrentado pelo país para cumprir a meta de desmatamento zero até 2030, devido ao desmonte das agências de fiscalização e ao aumento do crime organizado e do garimpo ilegal nos últimos quatro anos. Ela enfatizou a importância de intensificar as ações de fiscalização para alcançar essa meta.

A cientista também criticou a expansão da exploração de petróleo na Amazônia, argumentando que investir em combustíveis fósseis vai contra as evidências científicas.

Em resumo, a entrevista de Thelma Krug abordou a importância das medidas para combater as mudanças climáticas, os desafios enfrentados pelo Brasil e a América Latina, e as dificuldades em alcançar as metas globais estabelecidas pelo Acordo de Paris.

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