Destaque

A intenção de Tarcísio de oferecer somente livros digitais é criticada por pais e especialistas.

O anúncio do governo do Estado de São Paulo de que as escolas estaduais terão apenas livros didáticos digitais para o Ensino Fundamental II vem gerando polêmica e descontentamento. A medida tem sido duramente criticada por pais, especialistas, autores e entidades ligadas à educação, que argumentam que a utilização exclusiva de livros digitais prejudica a qualidade do ensino.

Diversas vozes se levantaram contra essa iniciativa do governo, incluindo a Associação Brasileira de Autores de Livros Educativos (Abrale), que lançou um abaixo-assinado online para coletar assinaturas contra a medida. Em apenas oito dias, a petição já acumulou mais de 45 mil adesões. O mestre em Geografia Laércio Furquim Jr, membro da Abrale, ressaltou que os livros didáticos fornecidos gratuitamente pelo Ministério da Educação passam por um rigoroso processo editorial e contemplam temas obrigatórios, como educação ambiental e valorização do multiculturalismo.

Além disso, especialistas também levantaram preocupações em relação à infraestrutura das escolas. O professor de políticas públicas educacionais da UFABC, Fernando Cássio, afirmou que muitos alunos não têm acesso a uma boa internet ou sequer a impressoras, o que torna inviável a impressão dos livros digitais. Ele ressaltou que o livro físico é uma fonte confiável de conhecimento e organizador do currículo, e que a substituição total por materiais digitais de baixa qualidade é um equívoco.

Pais também demonstraram descontentamento com essa decisão. A moradora de Santo André, Roseli Freire Buriti da Silva, acredita que o livro impresso prende mais a atenção das crianças e facilita o aprendizado, além de ressaltar que muitas escolas possuem uma infraestrutura precária de internet. Eduardo Santana, pai de um aluno em São Bernardo, também questionou a viabilidade da utilização exclusiva de livros digitais, levando em consideração problemas de acesso e a capacidade da escola para imprimir todo o material.

Diante das críticas, o governo do Estado emitiu uma nota afirmando que, neste ano, vai manter o livro didático físico do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), mas que pretende iniciar a transição para materiais digitais em 2024, começando pelos anos finais do Ensino Fundamental. A Secretaria de Educação destacou que os materiais didáticos serão compostos por livros físicos e materiais digitais compartilhados pelos professores por meio de telas.

No entanto, as críticas persistem. Especialistas argumentam que a substituição total dos livros didáticos físicos pelos digitais é precipitada e prejudicial ao processo de ensino-aprendizagem. Além disso, há preocupações com a infraestrutura das escolas e o acesso dos alunos aos materiais digitais. Resta a discussão e o diálogo entre as diferentes partes envolvidas para encontrar a melhor solução para o ensino nas escolas estaduais de São Paulo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo