Mais de 50% dos indígenas brasileiros residem na Amazônia Legal, de acordo com dados do Censo.

Esses números representam 51% dos 1,7 milhão de indígenas presentes em todo o território brasileiro. O estado do Amazonas é o lar da maior parte dessa população, com um total de 490.854 indivíduos, o que corresponde a 56% dos indígenas da região. Além do Amazonas, fazem parte da Amazônia Legal os estados do Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão.
A Amazônia Legal concentra cerca de 98% das terras indígenas reconhecidas pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Durante o Censo, foram recenseados 403.287 indígenas em áreas demarcadas na região, o que representa 65% da população indígena que reside em terras indígenas em todo o país.
O estudo do IBGE considerou terras indígenas as áreas demarcadas autorizadas pelo Ministério da Justiça, as homologadas e as já regularizadas. Territórios com processos demarcatórios em análise pela Funai foram considerados como localidades indígenas.
As terras indígenas mais populosas na região da Amazônia Legal são a Terra Indígena Yanomami (AM e RR), com 27 mil habitantes, e a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), com 26 mil habitantes. Em ambas as áreas, mais de 99% da população recenseada era indígena. Além disso, existem dezenas de povos isolados ou de recente contato em meio à densa floresta amazônica.
Apesar disso, a maioria dos indígenas que vivem na região da Amazônia Legal, aproximadamente 53,5%, reside fora das terras indígenas. Eles estão distribuídos em diferentes localidades indígenas ainda não reconhecidas, assim como em áreas rurais e urbanas. Somente em Manaus, a capital do Amazonas, vivem quase 72 mil pessoas indígenas.
A presença da população indígena em terras oficialmente delimitadas localizadas na Amazônia Legal é maior do que a média nacional, com percentuais de 46,5% e 36,7% respectivamente.
A delimitação da Amazônia Legal foi estabelecida em 1953 pelo então presidente Getúlio Vargas com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econômico dessa parte isolada do país. Atualmente, a região abrange aproximadamente 60% do território brasileiro.
No entanto, mesmo com a homologação das terras indígenas, muitos povos indígenas ainda estão ameaçados por disputas fundiárias. Um exemplo é a Terra Indígena Apyterewa, localizada no sul do Pará, que foi oficialmente homologada em 2007, mas continua sofrendo invasões e é atualmente a terra indígena mais desmatada do Brasil. Esse processo se intensificou após a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, que gerou pressão fundiária e resultou na ocupação ilegal de terras.
De acordo com o pesquisador Tiago Moreira, antropólogo do Instituto Socioambiental, há várias disputas territoriais que até hoje afetam as populações indígenas na Amazônia Legal. Apesar dos avanços em relação à demarcação de terras, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados para garantir a proteção dos direitos e territórios desses povos.