A disciplina de poupar periodicamente é um hábito muito difícil para a maioria dos indivíduos. Usualmente, queremos plantar apenas uma semente e desejamos que uma floresta se desenvolva rápido e robusta. Às vezes, isso ocorre, mas se plantássemos mais sementes o resultado sem dúvida seria melhor. O mesmo ocorre nos investimentos.
Menos de 30% dos clientes de nossa empresa faz aportes com regularidade mensal em seu portfólio. Não por coincidência, observa-se que o resultado ajustado ao risco destes, na média, costuma ser melhor.
Há dois motivos que justificam o hábito de investir regularmente elevar o retorno de sua carteira.
Os dois estão relacionados à captura de oportunidades no tempo. E isso não é apenas para investidores agressivos. Mesmo investidores conservadores capturam esse benefício como vou demonstrar.
A primeira justificativa tem sua analogia na compra de supermercado para casa. Não preciso te convencer, pois você já sabe que quem faz a compra de supermercado uma vez por semana captura mais oportunidades do que aquele que faz apenas uma vez por mês.
Nos investimentos ocorre algo parecido. A dinâmica da economia, muitas vezes surpreende com uma alta ou queda da inflação, ou com uma alta ou queda de juros. Portanto, o investimento periódico permite se capturar as surpresas positivas.
Por exemplo, em meados de 2021, a Selic estava em 4,25% ao ano.
Naquele momento, segundo relatório Focus do BC (link), a Selic em 2022 e 2023 era esperada ser de 6,5% ao ano. O título público federal referenciado ao IPCA (Tesouro IPCA 2026) era negociado a IPCA+3,5% ao ano. Logo, o investimento em um CDB rendendo IPCA+4,5% ao ano para 2026 era algo excelente, de baixo risco e rendendo acima do CDI e Selic.
Sabemos o que acabou ocorrendo. A Selic subiu mais que o dobro do que era esperado naquele momento.
Considere dois investidores. Um deles fez um investimento único de R$ 500 mil em CDBs referenciados ao IPCA naquele momento. O outro fez o mesmo investimento de R$ 500 mil no mesmo CDB, mas aplicou mais R$ 5 mil mensais em CDBs de mesmo prazo de vencimento.
Assim, o investidor que fez os aportes adicionais conseguiu elevar o retorno médio de seu portfólio, pois investiu em CDBs a IPCA+5%, IPCA+5,5%, IPCA+6% até IPCA+7% ao ano.
A segunda explicação para que o retorno de quem faz aportes periódicos tender a ser melhor está relacionada à volatilidade dos ativos. Para ilustrar esse efeito, vou usar um exemplo.
Considere dois investidores que resolveram aplicar no Ibovespa nos últimos 5 anos. Um deles aplicou R$ 100 mil há exatos 5 anos. O outro aplicou no Ibovespa, mas inicialmente fez aporte de apenas R$ 40 mil e mensalmente aplicou mais R$ 1 mil, totalizando os mesmos R$ 100 mil.
A Taxa Interna de Retorno (TIR) do primeiro investidor, aquele que fez o aporte único foi de 8,66% ao ano. Já aquele que fez os aportes periódicos teve uma TIR de 9,85% ao ano. Portanto, os aportes periódicos geraram um retorno adicional equivalente a 113,74% do retorno de quem fez o aporte único. No longo prazo, a composição deste retorno adicional faz diferença.
Quanto maior a volatilidade dos retornos de um ativo, maior se torna a vantagem do aporte periódico.
Assim, adquira o hábito de aportar mensalmente em seu portfólio. Esta disciplina, além de proporcionar um maior crescimento do portfólio para que mais rápido você alcance seus objetivos financeiros, também vai resultar em maior retorno para sua carteira.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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