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Museu em SP abriga acervo de tênis raros, que conquistam status de objetos cobiçados pelos aficionados da moda esportiva.

O empresário Rodrigo Clemente, dono da maior coleção de calçados do país, enfrenta um dilema diário ao acordar: escolher um tênis entre os seus 7.712 pares. Sua coleção inclui variadas marcas, como Nike, Adidas, Converse e Vans, e agora está em exibição em um museu dedicado aos tênis. Localizado em uma sala comercial de 260 metros quadrados em São Paulo, o museu abriu ao público no início deste mês e já pode ser visitado com agendamento prévio pelo Instagram @OMundoSneaker.

No museu, os visitantes podem admirar uma parte do acervo de Clemente, que consiste em 5.800 pares de tênis organizados em prateleiras e acompanhados por bonecos colecionáveis. Entre os modelos raros estão um Nike Air Force 1 dourado feito com a Louis Vuitton, leiloado por US$ 15.500, e um par raro de Adidas Hemp dos anos 1990, um dos primeiros tênis feitos com fibra de cânhamo. Além disso, o museu conta com várias variações de Air Jordan, incluindo um modelo vintage dos anos 1980 considerado inestimável por Clemente.

O empresário, de 46 anos, começou a colecionar tênis há uma década e desde então se tornou um apaixonado pelo mundo sneaker. Ele afirma que os tênis não são mais apenas um acessório no look, mas sim a peça-chave que dita o estilo a ser usado. Clemente destaca que a popularidade dos tênis aumentou significativamente durante a pandemia, quando as pessoas buscaram um visual mais casual e descontraído fora de casa.

A presença dos tênis no mundo da moda e na vida cotidiana das pessoas se tornou evidente nos últimos anos, impulsionada por imagens nas redes sociais e pelo apoio de artistas renomados. Em 2014, o cantor Ian Brown viajou para Buenos Aires para visitar uma loja repleta de tênis raros da Adidas. No cenário brasileiro, São Paulo tem testemunhado o aumento do número de lojas especializadas em tênis, como na Galeria do Rock, que agora abriga várias lojas de tênis colecionáveis, e na região da Oscar Freire, onde algumas revendedoras de tênis podem ser encontradas.

Além das lojas, a cultura sneaker também tem sido celebrada em festivais e eventos dedicados aos tênis. A feira Sold Out e o SneakerX são exemplos de eventos que atraem entusiastas e colecionadores de tênis. O mercado global de sneakers alcançou US$ 152,4 bilhões em vendas em 2022, segundo a Euromonitor, e projeta-se um crescimento estável de 3,6% ao ano até 2027.

Os tênis se tornaram marcadores sociais, assim como as roupas, e informam a qual grupo social uma pessoa pertence. Por exemplo, a periferia paulistana tem uma preferência pelos modelos da Mizzuno, enquanto a expressão “sneakerhead” é associada àqueles que colecionam Air Jordan. O mercado secundário de revenda é uma característica importante desse universo, impulsionado pela escassez de determinados modelos e pela demanda por exclusividade. Além das lojas especializadas, aplicativos como Droper e StockX facilitam a busca por tênis desejáveis, embora a preços maiores que os praticados nos varejos convencionais.

Gabriel Hasse, sócio da revendedora Cop Club, destaca que o mercado secundário de revenda tem impulsionado a demanda por tênis, uma vez que as marcas lançam modelos com tiragem limitada. Hasse menciona a cultura do consumo dos Estados Unidos como influência, destacando que no Brasil é necessário explicar para alguns consumidores a história por trás de cada calçado para justificar o valor elevado.

No entanto, para ser um amante de tênis, não é necessário possuir vários pares. Clemente ressalta que os tênis são para todos e que o nome “sneakerhead” foi apenas uma criação do mercado. Ele se considera um amante do tênis e não apenas um colecionador.

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