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Itamaraty e Planalto mantêm silêncio sobre suposta ação norte-americana para barrar golpe.

O ministério das Relações Exteriores e o Planalto, por meio da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, preferiram não comentar as declarações dadas pelo ex-chanceler do México, Jorge Castañeda, no sábado (19).

O Congresso em Foco entrou em contato com as pastas para questioná-las sobre uma possível intervenção do governo dos EUA para dissuadir um golpe de estado pelas Forças Armadas brasileiras no ano passado, conforme dito por Castañeda em entrevista.

O cientista político disse em entrevista à CNN Internacional que a atuação do presidente Joe Biden era decepcionante no que tange a manutenção de democracias na América Latina, mas como ponto forte citou a ação de líder executivo norte-americano ao convencer as Forças Armadas a não concretizarem um golpe de estado no dia 8 de janeiro.

“Com a exceção do Brasil, os Estados Unidos não foram uma fonte de força para a democracia na América Latina, em um momento que ela estava enfraquecida por todos esses eventos que nós vínhamos falando. No caso do Brasil, sim, os Estados Unidos convenceram, persuadiram as Forças Armadas brasileiras a não perseguir um golpe militar contra o presidente Lula, que foi eleito no final do último ano e tomou posse em primeiro de janeiro, e foi quase deposto em um golpe com grande participação militar em 8 de janeiro. Os EUA tiveram um importante papel em fazer com que isso não tivesse sucesso. Mas no caso do México, no caso de El Salvador e no caso de outros países, os Estados Unidos não vêm sendo uma presença forte pelo fortalecimento da democracia na América Latina.”

Castañeda foi secretário das Relações Exteriores do México de 2000 a 2003, durante a presidência de Vicente Fox. Cientista político e economista, escreveu livros sobre os movimentos de esquerda na América Latina, incluindo uma biografia sobre o revolucionário Che Guevara. Hoje é analista político de referência a respeito da América Latina.

Os atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília são hoje objeto de investigação por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional, além de um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, manifestantes foram à Esplanada dos Ministérios e depredaram os prédios-sede dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na capital federal, com saques de objetos de valor histórico.

Ainda resta determinar a exata relação das Forças Armadas com o episódio. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, chegou a declarar que, em sua avaliação, as FAs impediram um golpe de Estado. Os manifestantes, no entanto, pediam intervenção militar – e estiveram instalados por meses em frente ao Quartel General do Exército em Brasília antes do 8 de janeiro. Os acampamentos só foram desmontados após os ataques.

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