Os títulos de empresas brasileiras com vencimento de 10 anos são negociados no exterior com taxas de juros entre 6,5% e 8,5% ao ano. Por exemplo, o título da Petrobras com vencimento em 2033 é negociado a uma taxa de juros de 6,8% ao ano em dólar, enquanto o título da CSN de 2031 remunera a 8,4% ao ano em dólar. Assumindo uma taxa média de juros de 7,5% ao ano em dólar para boas empresas brasileiras, podemos dizer que essa é uma das taxas mais altas desses títulos nos últimos 16 anos. Isso ocorre porque a taxa de juros do título público americano de 10 anos, que serve como referência, não atinge o patamar de 4,3% ao ano desde 2007.
Porém, os juros brasileiros também estão elevados. Portanto, é importante entender se considerando as taxas de juros dos títulos no Brasil e no exterior, qual teria sido o melhor investimento nos últimos 24 anos, ou seja, desde agosto de 1999.
Investir em um título de uma empresa brasileira emitido no Brasil ou no exterior tem risco similar quando se utiliza o critério de risco de crédito. No entanto, quando o critério é o risco de mercado, os títulos no exterior se mostram mais arriscados, devido à volatilidade do câmbio, que é maior do que a do IPCA ou do CDI, que são as referências de indexação no Brasil.
Dessa forma, o investimento no exterior acaba sendo mais arriscado, pois possui risco de crédito similar, mas maior risco de mercado. Muitos títulos de renda fixa emitidos por empresas no Brasil têm a vantagem de isenção de imposto de renda para pessoa física, fator que os torna uma opção mais interessante. No momento, esses títulos são negociados com taxa média de IPCA+6,5% ao ano.
Podemos comparar esses títulos isentos de IR com outras três opções de menor risco de crédito e mercado, como CDBs com garantia do FGC, rendendo IPCA+6% ao ano, 115% do CDI e 100% do CDI. O gráfico apresenta a evolução de um investimento de R$100 mil em agosto de 1999 até hoje nas quatro alternativas de investimento em renda fixa no Brasil. O investimento em Bonds brasileiros rendendo dólar +7,5% ao ano também é representado.
Ao analisarmos o gráfico, percebemos que, considerando o rendimento líquido de IR, o investimento internacional perde até mesmo para o CDI. Esse resultado pode ser atribuído, em parte, à maior carga de imposto de renda nessa aplicação, além do fato de que o câmbio tende a render menos que o IPCA a longo prazo.
É importante lembrar que as debêntures, CRAs e CRIs isentos de IR são a aplicação brasileira de risco mais próxima da renda fixa internacional. Apesar de terem menor risco, essas opções apresentaram um resultado final de mais que o dobro dos Bonds em dólar.
Um investimento de R$ 100 mil em uma debênture isenta de IR rendendo IPCA+6,5% ao ano alcançou R$ 1,68 milhões ao final do período, enquanto o mesmo investimento em um título rendendo dólar+7,5% ao ano, quando retirados os impostos, alcançou apenas R$ 0,78 milhões.
Analisando o retorno anualizado e líquido de IR durante todo o período para as cinco alternativas de renda fixa, percebemos que investimentos de crédito corporativos de boas empresas com taxas acima de IPCA+6% ao ano isento de IR ou acima de 14% ao ano prefixada são boas aplicações para o longo prazo, principalmente considerando a perspectiva de queda das taxas de juros nos próximos anos.
Portanto, é interessante avaliar essas opções de investimento antes de tomar uma decisão final.