Quatro dias após o golpe, centenas de apoiadores dos militares que tomaram o poder se manifestaram em frente à embaixada francesa em Niamey, causando danos às instalações. Para dispersar os manifestantes, gás lacrimogêneo foi utilizado e o regime acusou Paris de uso de armas, algo que o governo francês negou categoricamente.
No dia 3 de agosto, as novas autoridades do Níger anunciaram o cancelamento de uma série de acordos militares com a França, uma decisão que foi ignorada por Paris, que continua reconhecendo apenas Mohamed Bazoum como governante legítimo do país.
Organizações contrárias à presença militar francesa anunciaram que pretendem realizar manifestações a partir de 3 de setembro em frente à base militar francesa em Niamey, exigindo a retirada dos soldados.
A junta militar também acusou a França de violar repetidamente o espaço aéreo fechado por decisão do regime e de ter “libertado terroristas”, o que, para eles, configura um plano para desestabilizar o país. Mais uma vez, Paris negou veementemente essas acusações.
As manifestações de apoio à junta militar que assumiu o poder têm sido marcadas por slogans hostis à França e à Cedeao, enquanto a Rússia, que se beneficia dessa hostilidade contra Paris no Sahel, tem sido elogiada e aplaudida.
O Níger segue os mesmos passos do Mali e Burkina Faso, onde já não há embaixador francês. Esses dois países, também liderados por militares que tomaram o poder pela força e enfrentam a violência jihadista desde 2020 e 2022, manifestaram solidariedade aos generais de Niamey, afirmando estar prontos para lutar ao lado do exército nigerino em caso de emergência.
Essa situação evidencia a crescente tensão entre a França e alguns países do Sahel, que questionam a eficácia da presença militar francesa na região e buscam novas parcerias. O confronto entre os interesses franceses e as demandas dos países da região ameaça a estabilidade e a luta contra o terrorismo no Sahel.