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Falta de mulheres em bandas sertanejas: um reflexo da exclusão na música brasileira em pleno século XXI






Artigo: A presença feminina nas bandas de música sertaneja

A presença feminina nas bandas de música sertaneja

No cenário musical atual, a presença feminina tem ganhado destaque, especialmente no segmento sertanejo. Recentemente, a cantora Paula Fernandes surpreendeu o público ao lançar clipes no YouTube onde era acompanhada por duas instrumentistas mulheres em sua banda, uma na bateria e outra na guitarra. Essa inovação mostra a evolução do feminejo, subgênero que trouxe as cantoras para o mundo do sertão há mais de uma década.

No entanto, a presença de mulheres instrumentistas em bandas ainda é um fenômeno raro no Brasil. Enquanto termos como “física” e “estatística” são naturais para descrever mulheres dessas áreas, o uso de “música” para referir-se a uma mulher instrumentista ainda causa estranheza. Essa falta de representatividade feminina no campo profissional de instrumentistas é um reflexo das barreiras que as mulheres ainda enfrentam na indústria da música.

Muitas vezes, as mulheres que tocam instrumentos são preteridas em favor daquelas que cantam, tocam violino, piano ou flauta. Instrumentos tradicionalmente associados aos homens, como guitarra, trombone, gaita e baixo, costumam ter pouca presença feminina. Essa exclusão é evidente mesmo em bandas que acompanham cantoras renomadas, como no caso das músicas sertanejas.

Embora as cantoras tenham conquistado espaço nos últimos anos no sertanejo, a presença de mulheres nas bandas que as acompanham ainda é escassa. Projetos de sucesso, como os DVDs de Marília Mendonça, Naiara Azevedo e Maiara & Maraísa, continuam contando com bandas compostas exclusivamente por homens. A falta de representatividade feminina nas bandas se mantém como um desafio para a indústria musical brasileira.

A recente canção “Ligeira”, de Paula Mattos, e o clipe de “Mulher Foda”, de Simone Mendes, são exemplos de artistas que celebram a mulher empoderada no sertanejo, mas que ainda não incluem instrumentistas mulheres em suas bandas. A exclusão das musicistas não é uma questão exclusiva das novas artistas, como evidenciado pelo DVD de Roberta Miranda em 2017 e o programa de Inezita Barroso, sem a presença de mulheres em suas bandas.

O feminejo trouxe avanços significativos para a representação feminina na música sertaneja, porém, a presença das mulheres nas bandas ainda é um desafio a ser superado. Até quando as talentosas musicistas serão excluídas desse espaço? A indústria musical precisa repensar sua estrutura para garantir uma verdadeira inclusão de gênero nas bandas sertanejas.

Artigo escrito por: Jornalista Renata Oliveira


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