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A CPMI convoca Wassef para explicar o caso do 8 de Janeiro. Esclarecimentos necessários serão requeridos pelo comitê parlamentar.

Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro têm interesse em ouvir o advogado Frederick Wassef sobre a recompra do relógio Rolex avaliado em mais de R$ 300 mil, mesmo ele estando endividado. Os parlamentares acreditam que a movimentação financeira de Wassef pode ajudar a esclarecer o que eles chamam de “projeto de golpe de Estado”, envolvendo o esquema das joias investigadas.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) afirmou que a CPMI já planejava convocar Wassef devido ao seu envolvimento no esquema suspeito de desvio e venda ilegal de presentes recebidos por Jair Bolsonaro durante sua presidência. Agora, a convocação do advogado pode ser acelerada, conforme avaliação da senadora. “Essa informação de que Wassef acumula dívidas nos dá uma pista e reforça a necessidade de ouvi-lo, nos traz mais indícios de que, sim, pode haver algo”, disse Soraya.

Atualmente, existem seis requerimentos solicitando a convocação de Wassef como testemunha na CPMI do 8 de Janeiro, além de três pedidos de quebra de sigilo, todos relacionados à Operação Lucas 2:12, da Polícia Federal, que investiga a venda ilegal de joias e presentes no exterior por aliados de Bolsonaro.

“Sabemos que muito dinheiro foi movimentado nos últimos meses, especialmente após o segundo turno, para financiar o golpe de Estado”, afirmou Soraya. O deputado Rogério Correia (PT-MG) acrescentou que a reportagem do Estadão reforça a necessidade de Arthur Maia (União Brasil-BA), presidente do colegiado, colocar os requerimentos em votação.

Além disso, em março deste ano, após o Estadão revelar que o governo Bolsonaro tentou trazer joias recebidas ilegalmente do governo saudita, Wassef viajou para Miami, nos Estados Unidos, para recuperar um relógio Rolex doado para o ex-presidente e vendido pelo general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo. Wassef teria pago R$ 346.983,60 para reaver o item, com o objetivo de entregá-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU), que havia determinado sua devolução.

“Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos. Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos em um banco em Miami e usei o meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República”, afirmou o advogado, após ser investigado pela Operação Lucas 2:12. Wassef também ironizou dizendo que “o governo do Brasil” lhe “deve R$ 300 mil” e negou que o resgate do relógio tenha sido a pedido de Bolsonaro.

Na semana passada, Wassef, Bolsonaro e outras seis pessoas foram intimadas pela Polícia Federal para prestar depoimento sobre o caso das joias, com data marcada para o próximo dia 31.

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