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Mulheres no Mundo Pop: Os Desafios da Fama e Misoginia na Era Digital




Artigo Jornalístico

O mundo das divas pop é uma selva. O embate entre fãs para provar a superioridade de uma cantora sobre a outra baseado em números de hits e conquistas nas paradas é uma prática comum nas redes sociais. Infelizmente, também é comum ver essas divas sendo alvo de ofensas misóginas, um reflexo da cultura machista que permeia a sociedade.

A jornalista britânica Sarah Ditum, em seu livro “Toxic: Mulheres, Fama e a Misoginia nos Anos 2000”, aborda como a fama pode ser mais prejudicial para as mulheres do que para os homens. Ela destaca que, no início do século, as tecnologias disponíveis eram usadas de forma invasiva, violando a privacidade das mulheres de maneiras cruéis e desproporcionais em relação aos homens.

Um dos exemplos mais marcantes é a história de Britney Spears. Em 2007, a cantora passou por um período turbulento em sua saúde mental, que foi amplamente documentado pelos paparazzi. Suas fotos raspando a cabeça e atacando fotógrafos com um guarda-chuva ainda são lembradas como memes.

Em 2008, Britney foi colocada sob tutela de seu pai, contra a sua vontade, o que resultou em um controle rígido sobre sua vida e carreira. O caso veio à tona com denúncias de abuso na mídia e ganhou força com um movimento de fãs exigindo o fim da tutela em 2020.

No livro, Ditum ressalta a importância de discutir o impacto desse período na vida das mulheres que estiveram sob os holofotes, bem como daquelas que consumiam essas narrativas. Ela destaca que a internet substituiu os meios tradicionais de fofoca, como as revistas de celebridades, tornando o ambiente ainda mais hostil para as artistas femininas.

A autora comenta que a internet mudou a dinâmica do escrutínio público, tornando praticamente impossível controlar a propagação de rumores ou imagens constrangedoras. Celebridades como Beyoncé e Janet Jackson foram vítimas desse fenômeno, com momentos de suas vidas tornando-se viral na web.

Ditum aponta que as redes sociais abriram novas possibilidades de controle para as celebridades, citando o Instagram como uma ferramenta que permite às estrelas compartilharem seu conteúdo diretamente, sem a necessidade de intermediários.

No entanto, a jornalista ressalta que essa nova dinâmica também criou uma pressão constante sobre as celebridades e influenciadores, que precisam alimentar um fluxo contínuo de conteúdo para manter sua relevância nas redes sociais.

Em meio a essas reflexões, é importante reconhecer a necessidade de combater a misoginia e o tratamento desigual dado às mulheres na indústria do entretenimento. O trabalho de Sarah Ditum lança luz sobre essas questões urgentes e nos convida a refletir sobre o papel das mídias sociais na construção da imagem feminina na sociedade contemporânea.

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