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Ministério dos Povos Indígenas e Funai parabenizam Ailton Krenak, primeiro indígena a ocupar cadeira na Academia Brasileira de Letras

No dia 5 de outubro, o escritor e ativista ambiental indígena Ailton Krenak se tornou o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). O Ministério dos Povos Indígenas e a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, divulgaram notas parabenizando Krenak por essa conquista histórica.

Ailton Krenak, nascido na região do vale do rio Doce, em Minas Gerais, é do povo Krenak, cujo território foi afetado pela atividade de extração de minérios. Além de escritor, ele é um renomado ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas.

A Funai destacou a participação de Krenak na defesa dos direitos indígenas durante a elaboração da Constituição de 1988, que celebra 35 anos. Segundo Joenia Wapichana, ele foi o líder indígena que lutou pelos direitos indígenas na Constituição e transformou a pintura do rosto em uma mensagem de resistência dos povos indígenas do Brasil. Elogiando a conquista de Krenak, chamou-a de merecida.

Com 23 votos, Ailton Krenak foi eleito para ocupar a cadeira de número 5 da ABL, que pertencia a José Murilo de Carvalho, falecido em agosto deste ano. Ele concorreu com a historiadora Mary del Priore e o também escritor indígena Daniel Munduruku, que receberam, respectivamente, 12 e quatro votos.

A data da posse ainda não está definida, mas o escritor já recebeu os parabéns e os reconhecimentos de diversas instituições e representantes. Krenak é comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República e doutor honoris causa pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

Além disso, ele organizou a Aliança dos Povos da Floresta, que reúne comunidades ribeirinhas e indígenas na Amazônia, e contribuiu para a criação da União das Nações Indígenas (UNI). Ele também foi coautor da proposta da Unesco que criou a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço em 2005.

Ailton Krenak é autor de diversos livros, como “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), “A vida não é útil” (2020), “Futuro ancestral” (2022) e “Lugares de Origem” (2021), este último escrito em parceria com Yussef Campos.

Em suas obras, Krenak aborda questões atuais, como a pandemia da covid-19, e valoriza a cultura indígena, mostrando que ela tem muito a ensinar às sociedades capitalistas. Ele ressalta a importância de se reconectar com a natureza e de viver o momento presente, pois nunca se sabe o que o amanhã reserva.

Com a eleição de Ailton Krenak para a Academia Brasileira de Letras, o Brasil dá um importante passo para a valorização da diversidade e para a representação dos povos indígenas nas mais altas esferas literárias e culturais do país.

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