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Desigualdades sociais impulsionam busca por aborto legal após 22 semanas de gestação, alertam pesquisadoras em projeto de lei controverso.

As desigualdades sociais no Brasil têm um impacto profundo no acesso das mulheres ao aborto legal, especialmente em casos de estupro, conforme alertam pesquisadoras especializadas no assunto. O Projeto de Lei 1904, atualmente em discussão no Congresso Nacional, propõe equiparar a interrupção da gravidez após as 22 semanas ao crime de homicídio, gerando debates e reações na sociedade.

No ano passado, o Brasil registrou um número alarmante de estupros, alcançando a marca de 74.930 casos, sendo a maioria deles contra vulneráveis. Diante desse cenário, a gravidez decorrente de estupro é uma das situações previstas para a realização do aborto no país. No entanto, segundo dados do Ministério da Saúde, houve apenas 2.687 casos de aborto legal no ano passado, indicando uma baixa adesão ao procedimento.

A socióloga Jacqueline Pitanguy ressalta que a legislação brasileira não estabelece um prazo para a interrupção da gravidez em casos de estupro, o que pode contribuir para a dificuldade de acesso das mulheres a esse direito. A falta de estrutura e de serviços de saúde adequados, aliada às desigualdades sociais, torna a situação ainda mais grave para crianças, adolescentes e mulheres adultas que se encontram em situações vulneráveis.

A enfermeira obstétrica Mariane Marçal destaca que a falta de serviços de abortamento legal em muitos municípios contribui para a invisibilidade dos casos de violência e para o aumento do estigma em torno do tema. A ausência de informação e a atuação baseada em crenças ideológicas podem dificultar o acesso das mulheres ao aborto legal, colocando em risco sua saúde física e mental.

Diante desse panorama, é fundamental a ampliação e garantia do acesso ao aborto legal no Brasil, assegurando que as mulheres tenham seus direitos reprodutivos respeitados e protegidos. A luta contra o estigma, a desinformação e as barreiras institucionais é essencial para promover a saúde e o bem-estar das mulheres em todo o país.

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