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Colonização Europeia e as Desigualdades Raciais no Rio Grande do Sul
A colonização europeia teve uma inegável contribuição na formação do estado do Rio Grande do Sul, no entanto, é importante ressaltar a supervalorização dessa cultura em detrimento de outras.
De acordo com dados do próprio governo estadual, o Rio Grande do Sul possui uma população negra de 21%. Esses mesmos levantamentos revelam que os negros são os mais afetados pela pobreza, recebem salários mais baixos, têm menos acesso à educação e à saúde em comparação aos brancos. Além disso, a representatividade política é escassa, sendo que somente na última eleição foi eleita a primeira bancada negra de Porto Alegre.
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul evidenciam a existência de uma segregação racial no estado. A tragédia afetou de forma significativa a região metropolitana de Porto Alegre, onde reside grande parte da população negra e das comunidades periféricas.
Dessa forma, é importante salientar que essas comunidades, majoritariamente pertencentes à classe trabalhadora, ocupam áreas de risco e estão mais vulneráveis a serem as primeiras vítimas de catástrofes naturais.
Não podemos falar em reconstrução do estado sem levar em consideração os efeitos do racismo ambiental. A reconstrução deve ser realizada levando em conta que, historicamente, as comunidades periféricas, negras, quilombolas e indígenas não tiveram acesso a serviços básicos como saneamento, água potável, energia elétrica, internet, saúde e educação de qualidade.
As enchentes escancararam o racismo ambiental, portanto, é essencial prestar uma atenção ainda maior às desigualdades raciais para uma reconstrução justa e mais humana.