Engrenagens Pró-Marçal: A Influência de Cortes Monetizados na Campanha Eleitoral

No cenário das redes sociais, uma verdadeira indústria de contas e vídeos pró-Marçal tem gerado milhões de visualizações, mesmo após a suspensão das competições de cortes promovidas pelo candidato Pablo Marçal, do PRTB, à Prefeitura de São Paulo.

Os campeonatos de cortes, realizados na comunidade do Discord, incentivavam os participantes a criarem vídeos com conteúdo pró-Marçal, com prêmios em dinheiro patrocinados por empresas ligadas ao candidato. Mesmo com a interrupção das competições, um levantamento realizado pelo Instituto Democracia em Xeque revelou que a maioria das contas e vídeos continua ativa, mantendo o engajamento em torno do candidato.

Segundo o juiz eleitoral Antonio Maria Patiño Zorz, a monetização dos cortes configurava um abuso econômico e, por isso, determinou a suspensão das redes sociais de Marçal. No entanto, os dados apontam que, desde a decisão judicial, mais de 4.700 vídeos provenientes dos campeonatos continuaram circulando, alcançando milhões de visualizações e interações.

Marçal alega que não utilizou recursos próprios na campanha e que suas empresas não foram envolvidas. Entretanto, as premiações oferecidas estimularam a produção de conteúdo pró-Marçal, o que levanta questões legais sobre propaganda eleitoral paga a terceiros e possível abuso de poder econômico.

A professora de direito eleitoral Marilda Silveira alerta que a promoção pessoal no contexto eleitoral é considerada propaganda e os gastos com publicidade precisam ser declarados ao TSE. A persistência das engrenagens pró-Marçal nas redes sociais pode resultar em multas e até mesmo cassação do mandato, caso configurado o crime de desobediência judicial.

Diante das evidências, a influência dos cortes monetizados na campanha eleitoral de Marçal é uma questão sensível que merece ser investigada com rigor para garantir a lisura do processo democrático.

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