Rastreamento do HPV no Brasil passa por transformação importante com substituição do papanicolau pelo teste de DNA nos serviços de saúde.

O Brasil está passando por uma transformação significativa no rastreamento do HPV. O tradicional exame citológico, conhecido como papanicolau, será substituído gradualmente pelo teste de DNA. A decisão de incorporar essa tecnologia ao Sistema Único de Saúde (SUS) foi baseada em um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em Indaiatuba, São Paulo.

Os resultados da primeira rodada de cinco anos desse estudo são promissores. O programa de rastreamento de câncer de colo de útero implementado em Indaiatuba entre 2017 e 2022, utilizando o teste de DNA para detecção do HPV, aumentou a detecção de lesões pré-cancerosas em até quatro vezes. Além disso, 83% dos casos de câncer foram detectados em estágio inicial.

O estudo, realizado em parceria com a prefeitura de Indaiatuba e a farmacêutica Roche, rastreou mais de 20 mil mulheres, com uma cobertura de quase 60%. Os resultados mostraram que 87,2% das amostras foram negativas para o HPV, com 6,2% encaminhadas para colposcopia e 84,8% das colposcopias realizadas. Foram detectadas 258 lesões precursoras de alto grau e 29 cânceres cervicais.

Comparando com os exames citológicos realizados anteriormente, o teste de DNA conseguiu antecipar o diagnóstico de câncer em até dez anos. Segundo o diretor de oncologia do Hospital da Mulher da Unicamp e principal pesquisador do estudo, Júlio Cesar Teixeira, o teste de DNA é mais preciso e custo-efetivo.

A aprovação do teste de DNA para o rastreamento do HPV no SUS foi realizada após avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). A tecnologia foi considerada mais precisa e custo-efetiva em comparação com os exames citológicos.

Com a transição do papanicolau para o teste de DNA, espera-se uma melhoria significativa no rastreamento e prevenção do câncer de colo de útero no país. A vacinação contra o HPV também é um ponto importante a ser considerado nesse processo, juntamente com o diagnóstico precoce proporcionado pelo novo teste de DNA.

Portanto, o Brasil está caminhando em direção a um cenário de eliminação do câncer de colo de útero, com a combinação da vacinação, teste de DNA e a coordenação adequada dos programas de rastreamento. Com boas práticas e políticas de saúde eficazes, é possível alcançar esse objetivo e proporcionar uma maior proteção às mulheres brasileiras.

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