Aprofundamento da polarização política nos EUA
A polarização da política tem aprofundado os abismos sociais e culturais nos Estados Unidos. Como resultado, eleitores democratas e republicanos vão levar visões opostas de mundo às urnas na próxima terça-feira (5). Eles discordam sobre assuntos fundamentais, como raça, gênero e segurança.
Segundo o instituto de pesquisa Pew, por exemplo, 80% dos eleitores da democrata Kamala Harris afirmam acreditar que o legado da escravidão prejudica a população negra do país. Entre os seguidores do republicano Donald Trump, no entanto, só 24% dizem estar de acordo com essa afirmação.
Cerca de 60% dos democratas afirmam concordam que uma pessoa pode se identificar com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído no nascimento. Já o número entre os eleitores republicanos é de apenas 7%.
Um outro tema divisivo é o do direito ao porte de armas. No campo de Kamala, cerca de 18% dizem que ter uma arma consigo aumentaria a sua segurança. Em comparação, quase 90% dos trumpistas afirmam o mesmo.
Essas divergências não são novas, mas estão cada vez mais presentes, diz Matthew Grossmann, professor de ciência política na Universidade Estadual de Michigan. Ele aponta que a cisão entre eleitores democratas e republicanos é, em parte, um resultado do sistema político bipartidário americano, onde as opções se limitam aos partidos Democrata e Republicano.
Com o tempo, os partidos ficaram associados a posições sociais e culturais específicas, o que influencia o comportamento dos eleitores. A polarização reflete não apenas diferenças políticas, mas também valores e até mesmo hábitos culturais.
O cenário eleitoral nos EUA tem se tornado mais polarizado, com os eleitores passando a encarar as eleições como disputas existenciais. Em uma pesquisa recente, metade dos eleitores considera o partido rival como “totalmente malvado”, tornando-os mais inimigos do que simples oponentes políticos.
Enfrentando essa realidade, a reversão da polarização não será imediata. No entanto, instituições e mensagens que promovam a união e destaquem o que os americanos têm em comum podem ser fundamentais para reduzir os atritos entre os lados políticos opostos.