A UNRWA é uma agência humanitária que atua na região há 70 anos, fornecendo educação, saúde e assistência social e humanitária a palestinos em diversos países. Com a nova legislação aprovada pelo Knesset, o trabalho da agência na Faixa de Gaza e na Cisjordânia será dificultado, uma vez que qualquer contato entre autoridades israelenses e representantes da UNRWA está proibido.
Essa medida foi duramente criticada pelo chefe da organização, Philippe Lazzarini, que destacou que a votação viola a Carta da ONU e as obrigações de Israel com o direito internacional. Para Lazzarini, os projetos de lei vão aprofundar o sofrimento dos palestinos, especialmente em Gaza, onde a população enfrenta condições extremamente difíceis há mais de um ano.
Além disso, o chefe da UNRWA ressaltou que acabar com a agência não invalida o status de refugiados dos palestinos, um status protegido por resolução da Assembleia Geral da ONU. Ele afirmou ainda que os projetos de lei aprovados por Israel não passam de uma punição coletiva, que só irá aumentar o sofrimento da população palestina.
Israel justificou a proibição do trabalho da UNRWA em seu território acusando a agência de colaborar com o grupo armado Hamas e outros grupos palestinos. No entanto, um relatório independente realizado em abril deste ano não encontrou provas que sustentem essas acusações, o que levanta dúvidas sobre a veracidade das alegações feitas pelos legisladores israelenses.
A pressão internacional contra a medida também foi intensa, com ministros de relações exteriores de vários países, como Canadá, Austrália, França, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido, expressando sua preocupação com os impactos devastadores que a proibição do trabalho da UNRWA pode gerar na já crítica situação humanitária na região. A União Europeia também se manifestou contrária à medida, ressaltando a importância das agências da ONU na promoção da ordem internacional baseada em regras.
Diante desse cenário tenso e repleto de polêmicas, resta aguardar os desdobramentos da decisão do Knesset e os possíveis impactos que ela terá na assistência humanitária prestada pela UNRWA aos palestinos nos territórios ocupados.