A eleição recente trouxe à tona mais uma vez a importância das emendas parlamentares no cenário político, revelando a influência dessas medidas no resultado das urnas e destacando o efeito corrosivo que exercem sobre a independência do voto.
Em essência, as emendas parlamentares, sejam individuais, de bancada ou as conhecidas “emendas pix”, deveriam ser questionadas, pois a destinação de recursos para regiões específicas é uma decisão técnica e não política. Deputados e senadores, na maioria das vezes, não possuem o conhecimento necessário para identificar as verdadeiras necessidades dos municípios em que são eleitos.
Os técnicos e especialistas são os mais qualificados para indicar onde os recursos devem ser investidos, considerando as demandas locais de saúde, transporte, emprego, lazer, entre outros aspectos. No entanto, a prática atual desvirtuou o propósito inicial das emendas, transformando-as em moeda de troca política e comprometendo a transparência na aplicação dos recursos.
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu a liberação de recursos das emendas parlamentares até que se vote uma alteração que permita o rastreamento do dinheiro, garantindo sua destinação adequada e necessária.
No último pleito, foi evidente a influência das emendas parlamentares, contribuindo significativamente para a reeleição de prefeitos em diversas cidades. Isso indica que a prática clientelista não se restringe aos políticos, mas também envolve os eleitores, que muitas vezes trocam seus votos por benefícios imediatos, sem considerar o bem coletivo.
Além de questionar a existência das emendas parlamentares, é fundamental investir na educação política da população. Disciplinas que abordem a importância da democracia, do voto consciente e da busca pelo bem comum devem ser incorporadas desde cedo no currículo escolar, visando formar cidadãos mais críticos e engajados.
No atual cenário, os interesses políticos regionais têm prevalecido sobre as reais necessidades das comunidades, perpetuando um ciclo vicioso de trocas clientelistas. É urgente promover uma mudança nesse sistema, a fim de fortalecer a democracia e garantir a transparência na gestão dos recursos públicos.
A sociedade precisa estar atenta e exigir mudanças que resgatem a ética e a moralidade na política, combatendo a corrupção e promovendo o interesse coletivo em detrimento dos interesses individuais. Somente assim poderemos construir um país mais justo e verdadeiramente democrático.