Desafio da gestão integrada na prefeitura de São Paulo: especialistas apontam obstáculos e possíveis soluções para administração municipal.

A administração municipal da capital paulista enfrenta desafios quanto à implementação de uma gestão integrada, que envolva o prefeito, as secretarias e as subprefeituras atuando de forma conjunta. De acordo com especialistas ouvidos, essa integração é essencial para colocar o cidadão em primeiro lugar e pensar o território da cidade como um todo, o que requer mais trabalho do que a atuação individual de cada secretário.

O arquiteto e urbanista Cid Blanco ressalta a importância de priorizar o povo em detrimento da questão política e destaca a necessidade de uma abordagem mais cooperativa e integrada na gestão urbana. Já o professor Fernando Túlio menciona exemplos de cidades que adotaram formas de gestão democráticas e integradas, com propriedades coletivas que priorizam as necessidades sociais e ambientais de uma região.

Em relação às subprefeituras da capital paulista, criadas nos anos 1990 para aproximar a administração municipal da população, especialistas apontam que o loteamento político vem prejudicando o bom funcionamento dessas estruturas. As subprefeituras tiveram sua função desvirtuada ao serem utilizadas politicamente para distribuir cargos, ao invés de atender aos problemas e necessidades locais.

Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis, destaca a importância das subprefeituras em se tornarem espaços de participação cidadã na gestão da cidade e lamenta o desvio de suas funções originais. A falta de interação e participação popular na gestão municipal tem contribuído para a perpetuação da desigualdade na distribuição de investimentos e obras na cidade.

O modelo de gestão atual da cidade de São Paulo favorece áreas privilegiadas em detrimento das periferias, priorizando investimentos em transporte individual motorizado em vez de valorizar o transporte público e a mobilidade em ciclovias e calçadas. A segregação urbana e a poluição ambiental são reflexos da falta de uma gestão integrada e participativa, que é essencial para redesenhar a forma como a cidade é gerida e planejada.

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