Grandes projetos de hidrogênio verde no Nordeste miram mercado europeu e apontam desafios tecnológicos e logísticos; exportação é o foco.

Grandes Projetos de Hidrogênio Verde no Nordeste Miram Mercado Europeu

No litoral nordestino, surge uma nova fronteira de investimentos com a implementação de grandes projetos de hidrogênio verde. Embora ainda estejam em fase inicial de planejamento e construção, esses projetos têm como alvo principal o mercado internacional, sobretudo o europeu. A complexidade tecnológica do transporte do insumo torna improvável o escoamento da produção para a indústria nacional, concentrada principalmente no Sudeste do Brasil.

Essa realidade apresenta desafios para a estratégia do governo brasileiro de ampliar a exportação de produtos com maior valor agregado, em detrimento da exportação de insumos energéticos. O hidrogênio verde é considerado uma commodity por alguns especialistas, e à medida que os projetos ao redor do mundo ganham escala, é previsto que seu preço diminua, embora essa redução deva se concretizar apenas na próxima década.

De acordo com um levantamento realizado pela Folha, o Brasil possui atualmente doze projetos de hidrogênio verde em estágios avançados, sendo apenas um em operação e apenas dois fora da região Nordeste. A maioria desses projetos tem como foco o mercado europeu, devido às políticas mais rigorosas de controle de emissões da União Europeia, que demanda cada vez mais hidrogênio verde para cumprir suas metas ambientais.

Um dos desafios enfrentados pelos projetos de hidrogênio verde no Brasil é a falta de contratos de offtake de longo prazo, necessários para garantir investimentos e viabilizar a construção das instalações. A demanda inicial mais expressiva é proveniente da Europa, que carece de espaço para expandir sua geração de energia renovável, fundamental para a produção de hidrogênio verde.

Um exemplo desse movimento é a iniciativa da mineradora Fortescue, que prevê operar uma planta de 1 GW no porto de Pecém (CE) até 2029, destinada principalmente para exportação. A empresa Unigel também está mirando o mercado internacional, com planos de produzir amônia verde e metanol para uso como combustível limpo em frotas de navios.

Para o mercado interno, a empresa White Martins está implementando uma planta de hidrogênio verde em Jacareí (SP), visando abastecer a indústria local de maneira mais eficiente. A diversidade de projetos reflete a variedade de estratégias adotadas por empresas brasileiras para explorar o potencial do hidrogênio verde no país.

Em resumo, os projetos de hidrogênio verde no Nordeste do Brasil visam atender à demanda internacional, especialmente da Europa, consolidando o país como um importante player nesse mercado em expansão. A busca por viabilidade econômica e sustentabilidade ambiental orienta as decisões das empresas envolvidas, que buscam consolidar uma cadeia produtiva eficiente e competitiva.

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