Milícia controla serviços essenciais e lucra com tráfico de drogas nas comunidades dominadas no Rio de Janeiro.

Milícia domina serviços básicos oferecidos aos moradores das comunidades controladas. Para expandir o poder, a influência e o controle sobre a população local, o grupo passa a comandar a venda de produtos como água, gás de cozinha e TV a cabo, além de outros itens de primeira necessidade das famílias. A milícia lucra, também, com o tráfico de drogas que circula na comunidade em questão. Muitas vezes, os moradores precisam pagar uma taxa aos milicianos que comandam o local.

Segundo especialistas, a atuação das milícias se adaptou ao longo dos anos. “Sempre houve a existência de milícias que traficavam, mas era uma minoria. Ainda há um discurso para dentro das comunidades dominadas. Porém, na medida em que não há mais um discurso público de legitimação, que a alegada ‘cruzada contra as drogas’ não faz mais sentido, isso reforça a tendência a fazer do tráfico uma das fontes do negócio, já que não há mais essa desculpa de libertação”, explica o sociólogo Ignácio Cano, um dos maiores especialistas do país no assunto.

O Estado nunca desenvolveu uma estratégia de recuperação dos territórios dominados pelas milícias, como fez com o tráfico, por exemplo, por meio das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). O Estado só investiga e, eventualmente, prende, mas nunca desenvolveu uma política capaz de retirar o controle territorial. Ignácio Cano, em entrevista ao UOL em 2018

Milícias continuam ganhando espaço no Rio de Janeiro. Segundo Vinícius George, delegado aposentado e coordenador dos trabalhos da CPI das Milícias em 2008, os partidos políticos não expulsaram os milicianos de seus quadros, não cortaram relações políticas pré-existentes e admitiram, ainda, novos milicianos como filiados. No entanto, de acordo com ele, os milicianos perceberam que a superexposição causada pelos mandatos políticos criou uma “situação ruim para os negócios”, atuando, por vezes, de forma mais discreta nas comunidades.

O que aconteceu

Integrantes do CV articularam ataque para dominar Rio das Pedras, reduto da milícia mais antiga da cidade do Rio de Janeiro. O plano, no entanto, foi descoberto pelo setor de inteligência da PM. O Bope descobriu, também, que o armamento que seria utilizado na incursão estaria escondido na favela da Tijuquinha, comunidade dominada por associados ao CV.

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