Manuscrito inédito de Luiz Carlos Prestes revela estratégia militar

Um manuscrito inédito de Luiz Carlos Prestes, guardado por 39 anos por seu filho, Luiz Carlos Prestes Filho, foi revelado recentemente, trazendo à tona uma faceta menos conhecida do líder político. O documento mostra o lado militar estrategista do revolucionário e detalhes do rompimento do cerco governista na cidade de São Luiz Gonzaga, há 100 anos.

O manuscrito, amarelado pelo tempo, foi rabiscado por Prestes em 1985 durante uma conversa com amigos. Luiz Carlos Prestes Filho conta que seu pai tinha o hábito de explicar as coisas desenhando ou escrevendo em papel, e foi assim que surgiu o registro da estratégia utilizada para romper o cerco em São Luiz Gonzaga.

O rompimento do cerco em São Luiz Gonzaga, ocorrido em dezembro de 1924, foi a primeira vitória da recém-iniciada Coluna Prestes. A ousadia e a visão militar avançada de Prestes ficaram evidentes, já que ele inovou ao adotar a “guerra de movimento” em oposição à tradicional “guerra de posição”. Essa estratégia permitiu à coluna percorrer 25 mil quilômetros pelo interior do Brasil e desafiar o governo oligárquico por mais de dois anos.

No manuscrito, Prestes descreve a fuga de seus homens em sete frentes paralelas às tropas governistas, um movimento estratégico que desorientou as forças inimigas. Ele apontou anos depois que o maior erro do comando militar é focar em objetivos geográficos, ao invés de manter contato com o inimigo e persegui-lo de forma eficaz.

O episódio de São Luiz Gonzaga é reconstituído com detalhes no manuscrito, que mostra a cidade cercada por outras localidades estratégicas. Uma imprecisão apontada por Luiz Carlos Prestes Filho revela a importância histórica do documento, que se torna um registro fundamental da história militar brasileira.

Após 100 anos da Coluna Prestes, poucos cenários alusivos ao conflito ainda permanecem na região. Em São Luiz Gonzaga, a gruta com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes continua intacta, como uma lembrança do passado e local de devoção para os habitantes locais.