Despesas com seguro-desemprego atingem R$ 15 bilhões em grupo de trabalhadores que ganham acima de dois salários mínimos, mostra governo.

Um em cada quatro trabalhadores que pedem o seguro-desemprego ganha mais que dois salários mínimos (R$ 2.824 mensais). No entanto, esse grupo representa um terço da despesa com essa política, o equivalente a R$ 15 bilhões, segundo estimativas internas do governo.

Essa discrepância levanta questões sobre a distribuição desigual dos gastos do seguro-desemprego. O governo considera revisões nas regras do benefício como parte do plano de contenção de gastos, mas enfrenta resistência política e sindical.

O Ministério do Trabalho divulgou que a maioria dos solicitantes de seguro-desemprego em 2023 ganhava até dois salários mínimos, representando 75,7% do total de pedidos. A despesa total com esse grupo é estimada em R$ 31,3 bilhões.

Além disso, trabalhadores com salários mais altos, acima de quatro salários mínimos, também recebem uma parcela significativa do benefício, representando 4,66% dos pedidos e 12,66% da despesa total.

Existem propostas em discussão para alterar o seguro-desemprego, como descontar o valor da multa sobre o FGTS das parcelas do benefício. Outra possibilidade é limitar o benefício para trabalhadores com salários acima de dois salários mínimos, o que poderia gerar economia significativa para o governo.

Enquanto algumas propostas sugerem cortes mais drásticos no benefício, como acabar o seguro-desemprego para trabalhadores com rendimentos mais altos, outras visam tornar o sistema mais justo e sustentável a longo prazo.

O debate sobre as mudanças nas regras do seguro-desemprego envolve questões sensíveis, especialmente considerando a resistência das centrais sindicais e a preocupação em garantir a proteção dos trabalhadores dispensados sem justa causa.

O governo está analisando diversas alternativas, como vincular o valor do benefício ao mínimo constitucional ou cobrar alíquotas maiores de setores com alta rotatividade. A intenção é encontrar um equilíbrio entre a redução de gastos e a preservação dos direitos dos trabalhadores.

As discussões sobre o seguro-desemprego despertaram críticas das centrais sindicais, que veem as mudanças como retrocessos e pedem uma postura compatível com a história do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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