Mulher pilota maior tatuzão da América Latina e quebra padrões na engenharia subterrânea de São Paulo.

Mulher pilota tuneladora em São Paulo

No mundo da engenharia, predominantemente masculino, algumas mulheres se destacam e se tornam pioneiras. Esse é o caso de Sherry Romanholi, 27 anos, a primeira da América Latina a comandar um “tatuzão” – nome dado à tuneladora shield responsável pela expansão da linha 2-verde do metrô de São Paulo.

A tuneladora é uma máquina gigante de escavação subterrânea, com uma roda de corte de 11,66 metros de diâmetro e 100 metros de comprimento, sendo a maior da América Latina. Curiosamente, todas as tuneladoras têm nomes de mulheres, e a escolhida por Sherry para pilotar carrega o nome da renomada escritora brasileira Cora Coralina. Para Sherry, essa oportunidade é um desafio e uma surpresa positiva.

A relação de Sherry com a máquina é antiga. Antes de assumir a pilotagem, ela trabalhava na área de logística e acompanhou todo o transporte das peças e ferramentas do tatuzão da China para o Brasil. A oportunidade de participar da construção civil surgiu durante esse processo, e Sherry começou na obra realizando inspeção de qualidade, até assumir o comando da escavação. O aprendizado para operar o maquinário tem sido prático, e ela está nessa função há sete meses.

“Foi a melhor coisa da minha vida. É muito gostoso”, afirma Sherry com entusiasmo. Desde pequena, ela acompanhava o pai, técnico de planejamento, em canteiros de obrar, o que a motivou a escolher a engenharia como profissão. O dia-a-dia de trabalho de Sherry não é fácil, exigindo atenção aos muitos botões da máquina e aos seis monitores que exibem informações essenciais para a escavação.

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O tatuzão escava, retira material e monta o túnel, sendo capaz de escavar cerca de 15 metros por dia. A obra, na qual Sherry está envolvida há dois anos, irá conectar a estação Vila Prudente à Penha pelo metrô e está prevista para ser concluída em 2026. Com 150 trabalhadores atuando em três turnos, 24 horas por dia, apenas Sherry e mais dois homens comandam a máquina.

Antes de se tornar pioneira, Sherry enfrentou dificuldades para conseguir um estágio durante a faculdade. Com persistência e apoio familiar, ela conseguiu superar os obstáculos e se tornar uma engenheira de destaque na construção civil. Sherry destaca a importância de ter paciência e coragem diante dos desafios.

No ambiente de trabalho, Sherry se sente respeitada e não se vê obrigada a abrir mão de sua feminilidade. Ela reconhece a predominância masculina na engenharia, mas acredita que as mulheres podem e devem ocupar espaços nesse campo. A presença feminina nos canteiros de obra tem aumentado, e Sherry acredita em um futuro ainda mais inclusivo e diversificado.

Este artigo faz parte da iniciativa Todas, da Folha, que oferece três meses de assinatura digital gratuita para mulheres.

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