“I Saw The TV Glow”: Jovem se perde entre realidade e ficção ao mergulhar na obsessão por programa de televisão.

Crítica Cinematográfica: “I Saw The TV Glow” na Mostra de Cinema de São Paulo

O filme “I Saw The TV Glow”, dirigido por Jane Schoebrun e em exibição na Mostra de Cinema de São Paulo, traz uma narrativa envolvente que mistura realidade e ficção de maneira intrigante. A história gira em torno de Owen, interpretado por Justice Smith, um jovem sufocado pela rigidez de seu pai e isolado dos colegas de escola. Owen encontra refúgio nos programas de televisão, especialmente na série de fantasia “The Pink Opaque”. Seu único contato com o mundo exterior é através de sua amiga Maddy, vivida por Brigette Lundy-Paine, com quem ele passa horas assistindo à série e mergulhando em um universo paralelo.

A trama de “I Saw The TV Glow” faz parte da “Screen Trilogy” de Schoebrun, que explora a relação humana com as telas digitais. O filme anterior, “We’re All Going to the World’s Fair”, já apresentava essa temática, mas agora, com um orçamento maior, a diretora expande o alcance da história. Desde a materialização de criaturas da série até saltos no tempo que envelhecem os protagonistas, a produção da A24 permite uma imersão mais profunda nesse universo híbrido entre realidade e imaginação.

O ponto central do filme é a fuga de Owen para a televisão, onde ele busca uma forma de escapar de sua própria existência. A linha tênue entre ficção e realidade se confunde cada vez mais à medida que a obsessão de Owen pela série aumenta. O cancelamento repentino de “The Pink Opaque” desencadeia uma crise existencial em Owen, que se vê perdido e em busca do episódio final perdido.

A direção de Schoebrun imprime uma estética visual marcante, com letreiros animados em tons violeta, cores vibrantes e uma trilha sonora envolvente de artistas como Phoebe Bridgers e Caroline Polachek. No entanto, há uma certa sobrecarga de simbolismos e metáforas visuais que pode confundir o espectador em alguns momentos.

No geral, “I Saw The TV Glow” é uma alegoria sobre a busca pela identidade e o poder libertador das narrativas fantásticas. A complexidade de Owen e sua relação com a televisão são exploradas de forma sensível, mas em alguns momentos a narrativa poderia se beneficiar de uma abordagem mais sutil e menos explicativa. Resta esperar pelo terceiro capítulo da trilogia para ver como a história de Owen se desenrolará e até onde a luz da televisão será capaz de iluminar seu caminho.

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