Estudo aponta camadas de gelo em Marte com potencial para vida em áreas com até 0,1% de partículas de poeira

A descoberta de camadas de gelo com a presença de até 0,1% de partículas de poeira na superfície de Marte pode fornecer condições favoráveis para a existência de vida no planeta vermelho, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista Communications Earth & Environment.

O estudo revela que os raios ultravioletas solares que atingem o solo marciano são até 30% mais intensos do que na Terra, devido à ausência de uma camada de ozônio. No entanto, parte dessa radiação pode ser absorvida por partículas maiores de gelo até 50 cm abaixo da superfície, permitindo que a luz fotossinteticamente ativa alcance o interior do solo.

Embora ainda faltem elementos essenciais para a vida, como água líquida e nutrientes, os resultados da pesquisa indicam a possibilidade de novas investigações em busca dessas condições em Marte. O pesquisador Aditya Khuller, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e autor do estudo, destacou a importância dessas descobertas para orientar futuras pesquisas no planeta vermelho.

O estudo contou com a colaboração de cientistas de renomadas instituições dos Estados Unidos, e utilizou simulações para analisar o espectro de radiação fotossinteticamente ativa em diferentes condições de solo e composição de partículas. Os resultados mostraram que a presença de partículas de poeira e gelo abaixo da camada superior do solo aumenta significativamente a zona radioativamente habitável, possibilitando a existência de microrganismos fotossintetizantes.

Khuller comparou essas condições com estruturas conhecidas como “crioconitas” no Alasca, onde microorganismos vivem abaixo de camadas de gelo. Embora Marte ainda não tenha sido encontrado com água líquida nessas regiões, os autores acreditam que pequenas áreas com gelo e poeira podem ser locais ideais para a busca de vida extraterrestre.

A pesquisadora Claudia Lage, da UFRJ, elogiou o estudo e destacou a importância de investigar essas regiões geladas de Marte para entender a possibilidade de vida no planeta. Ela ressaltou a capacidade de microorganismos de sobreviver em ambientes extremos e a necessidade de explorar essas áreas para buscar sinais de vida fora da Terra.

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