Crise na Bolívia coloca em xeque estabilidade política e econômica do país vizinho: rumores de golpe e divisão no governo preocupam

O Brasil corre o risco de testemunhar uma crise iminente em um de seus vizinhos mais estratégicos nos próximos meses. As recentes turbulências na Bolívia levantam sérias preocupações quanto à estabilidade política e econômica do país andino.

O clima de tensão, que ganhou destaque internacional em junho com uma tentativa de golpe militar ainda envolta em mistério, tem se intensificado desde o início do ano passado. O declínio acentuado da indústria de hidrocarbonetos e o aumento do déficit fiscal sinalizaram o fim de uma era.

O atual governo não tem sido capaz de lidar com essa situação e preparar o país para tempos difíceis, enfraquecendo-se enquanto vê o fim de um período de relativa estabilidade social e prosperidade que promoveu a inclusão da população indígena e reduziu significativamente os índices de pobreza.

Em El Alto, tradicionalmente habitada por trabalhadores e uma parcela mais humilde da sociedade, o legado desse período era visível nos “cholets” coloridos, edifícios de arquitetura moderna inspirados na arte tradicional andina. Atualmente, o que mais chama a atenção são os protestos e piquetes nas ruas.

O declínio tem sido acompanhado pela redução de subsídios aos combustíveis, longas filas para comprar alimentos e realizar transações bancárias, além da escassez de dólares em papel moeda. Os bancos implementaram uma espécie de “corralito” informal, limitando as operações nessa moeda.

Diversas categorias, como professores e sindicatos ligados ao transporte, realizaram greves nos últimos meses.

As tensões entre o presidente atual, Luis Arce, e seu ex-mentor político, Evo Morales, estão se agravando. Arce, que foi ministro da Economia durante grande parte do período próspero, enfrenta uma cisão no partido MAS, dificultando aprovações parlamentares para investimentos estrangeiros que poderiam impulsionar a economia boliviana.

Nas últimas semanas, manifestantes pró-Evo têm bloqueado estradas em várias regiões do país, alegando perseguição política por parte de Arce. Evo Morales é acusado de crimes graves e enfrenta investigações judiciais, o que tem contribuído para o clima de instabilidade.

A divisão interna no partido MAS, aliada à fragmentação da oposição, sinaliza um período de maior incerteza política na Bolívia. Rumores sugerem que Arce talvez não complete seu mandato até as eleições previstas para 2025.

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