Chile: cinco anos depois, protestos não trazem mudanças, apenas insegurança e descontentamento

Crise no Chile: cinco anos após o “estallido social”, as marcas da insatisfação ainda persistem

No último fim de semana, aproximadamente 500 manifestantes se reuniram na praça Baquedano, em Santiago, para relembrar os acontecimentos que marcaram a explosão social no Chile, iniciada há cinco anos. Entre eles, Armando Zamorano destacou que “muitas coisas permanecem iguais”, em meio a uma forte presença policial no local.

O movimento, que resultou em cerca de 30 mortes e milhares de feridos, colocou em xeque o governo de Sebastián Piñera, à época de direita, exigindo melhorias nos serviços de saúde, educação e previdência social. No calor dos protestos intensos, as forças políticas concordaram em revisar a Constituição chilena, amplamente vista como fonte das desigualdades sociais no país, herança da ditadura de Pinochet.

No entanto, após dois processos de redação constitucional – um liderado pela esquerda radical e outro pela extrema direita – os chilenos rejeitaram a mudança, mantendo o texto originalmente escrito nos anos de chumbo. Segundo a médica Leticia Álvarez, mesmo sem uma transformação efetiva, “as sementes do ‘estallido’, que é a dignidade, ainda são sentidas pelas pessoas”.

Atualmente, longe das reivindicações por justiça social, a insegurança se destaca como a maior preocupação da população chilena. Apenas 23% dos entrevistados em uma pesquisa do Centro de Estudos Públicos (CEP) apoiam as mobilizações de 2019, significativamente abaixo dos 55% registrados na época dos protestos.

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