Aspirantes a influenciadores vendem carros e usam FGTS para pagar cursos de R$ 50 mil para entrar no mundo digital milionário.

Os Bastidores dos Influenciadores Digitais no Brasil

A professora da Universidade de Bath, Rosana Pinheiro-Machado, em entrevista exclusiva, revelou detalhes surpreendentes sobre o mercado de influência no Brasil. Com um estudo abrangente que monitorou mais de 500 mentores brasileiros do Instagram e 500 mil aspirantes a influenciadores, Pinheiro-Machado destacou que os extremos existem, como o caso do influenciador Pablo Marçal, cujo curso custa R$ 250 mil.

Porém, o estudo revela que muitos aspirantes a influenciadores chegam a vender carros ou usar o FGTS para pagar mentorias de R$ 50 mil na esperança de mudar de vida. Esses relatos foram registrados ao longo da pesquisa, que também apontou a falta de familiaridade de parte dos brasileiros com a plataforma do Instagram, colocando em destaque a promessa de uma vida de luxo no meio digital como uma saída para o cenário de trabalho precário e informal do país.

A antropóloga reforça que a realidade dos influenciadores brasileiros está dividida em grupos, desde os nanoinfluenciadores até os gigantes, como Pablo Marçal, Thiago Nigro e Érico Rocha. Estes últimos se destacam não apenas pela quantidade de seguidores, mas também pela capacidade de criar comunidades em torno de si, usando discursos de motivação e enriquecimento que, segundo Pinheiro-Machado, muitas vezes estão alinhados com ideologias de direita e extrema direita.

Como aponta a pesquisadora, os influenciadores digitais, ao venderem sonhos de sucesso e riqueza, acabam alimentando ilusões em milhões de pessoas, principalmente aquelas que lutam por uma mobilidade social. No entanto, a falta de regulamentação no mercado de influência permite que essas promessas sejam feitas sem garantias concretas de realização, criando uma dinâmica perigosa de expectativas e frustrações.

Para Pinheiro-Machado, uma das soluções para enfrentar essa realidade seria reconhecer as redes sociais como plataformas de trabalho e implementar políticas públicas que regulamentem e promovam o empreendedorismo digital, garantindo maior transparência e segurança para os aspirantes a influenciadores.

Por: Equipe de Redação

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