Falta de planejamento e modelo de privatização falido causam demora na restauração da energia em São Paulo, apontam especialistas

No último dia 11, um apagão atingiu parte da capital paulista e, até esta quarta-feira (16), a restauração da energia elétrica ainda não foi concluída. Especialistas apontam a falência do modelo de privatização do setor de distribuição elétrica no Brasil e a falta de planejamento da empresa concessionária Enel e da prefeitura como fatores determinantes para a demora na resolução do problema.

De acordo com o engenheiro eletricista Ikaro Chaves, a qualidade dos serviços de distribuição de energia elétrica em São Paulo evidencia o fracasso do modelo do setor elétrico brasileiro, baseado na privatização e na regulação estatal. Chaves destaca que, após 30 anos da primeira privatização, é necessário reavaliar se o modelo tem sido eficaz, o que, segundo ele, está mais do que provado que não.

A regulação do setor, executada por uma agência reguladora, também está sendo questionada pela sua eficácia. O custo com mão de obra, que não pode ser incorporado à tarifa, tem sido um dos pontos sensíveis, levando à redução de pessoal pelas concessionárias.

O Sindicato dos Eletricitários de São Paulo aponta que a Enel desligou 227 empregados da área de manutenção nos últimos seis meses, o que tem impacto direto na prestação de serviços e no tempo de resposta em situações como o apagão recente.

O professor José Aquiles Baesso Grimoni, da Escola Politécnica da USP, destaca a falta de coordenação entre a concessionária e a prefeitura como um dos motivos para a demora na restauração da rede elétrica. Ele ressalta a importância do enterramento da rede como solução para os problemas recorrentes de queda de energia na capital paulista, mas aponta a necessidade de investimento conjunto entre o governo federal, estadual e municipal.

No entanto, Grimoni reconhece que o enterramento da rede elétrica enfrentará desafios políticos e econômicos, devido aos altos custos envolvidos e à falta de visibilidade desse tipo de obra. No entanto, ele enfatiza que o problema não é técnico, mas sim político e econômico, e requer uma abordagem integrada das esferas governamentais para uma solução eficaz.

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