Número de apreensões por imigração ilegal na União Europeia cai 42% em 2024, revela Frontex em meio a debates eleitorais e medidas de controle

O número de apreensões relacionadas à imigração ilegal na União Europeia caiu 42% nos primeiros nove meses de 2024, divulgou nesta semana a Frontex, agência do bloco dedicada ao controle de fronteiras. O fenômeno ocorre no momento em que o assunto domina o debate eleitoral no continente, com o endurecimento de discursos e medidas de fiscalização.

Segundo os dados divulgados até setembro, 166 mil detenções foram realizadas em tentativas de travessias ilegais. As quedas mais acentuadas em relação ao mesmo período de 2023 ocorreram nas rotas pelos Balcãs e pelo Mediterrâneo Central, com reduções de 79% e 64%, respectivamente. Por outro lado, houve incremento de 192% na rota terrestre pelo leste do continente e de 100% pela África Ocidental. Os cidadãos de Síria, Mali e Ucrânia lideram a lista de apreendidos.

No mesmo dia em que os números foram divulgados, Ursula von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, defendeu o modelo de “centro de detenção externo”, citando o acordo entre Itália e Albânia como exemplo. Na sequência, em carta endereçada a líderes europeus, Von Der Leyen mencionou o acordo e a importância da discussão do tema entre os países do bloco.

Apesar da queda nas apreensões, a imigração ilegal continua sendo um tema central no debate público e nas disputas eleitorais em diversos países europeus. Em setembro, a Alemanha intensificou seu controle de fronteiras, gerando uma crise na coalizão governamental liderada por Olaf Scholz. O partido de extrema direita AfD, que defende uma postura anti-imigração, saiu vitorioso em pleitos regionais recentes, evidenciando a polarização no tema.

O centro de detenção na Albânia, inaugurado recentemente, já está em operação. Com capacidade para até 3.000 homens, as instalações próximas ao porto de Shëngjin receberão os detidos apreendidos em fiscalizações. Mulheres, crianças e pessoas vulneráveis continuam sendo acolhidas em Lampedusa, na Itália. Após averiguação da situação legal, os detidos serão deportados ou, em casos de pedido de refúgio aceito, poderão retornar ao território italiano.

Grupos de direitos humanos criticam o acordo de detenção externa, que tem duração prevista de cinco anos, considerando-o ilegal. No entanto, é improvável que uma contestação judicial prospere, visto que a primeira-ministra da Albânia, Giorgia Meloni, tem recebido apoio de outros líderes europeus, como o britânico Keir Starmer. A postura adotada pela União Europeia reflete um cenário de maior controle nas fronteiras e de políticas migratórias mais rígidas.

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