Após um longo período de apagões recorrentes, a solução proposta pelo presidente foi vista por muitos como a realização de um antigo desejo pessoal de Lula. A rapidez com que a proposta foi apresentada pode transmitir a falsa impressão de que a simples satisfação do presidente resolveria os problemas energéticos do país. No entanto, a questão central reside no aparelhamento político das agências reguladoras, uma prática que vem se repetindo desde os governos petistas, sendo mantida também sob as gestões de Michel Temer e Bolsonaro.
O Brasil conta com várias agências reguladoras, e a nomeação de diretores e presidentes desses órgãos tem sido um ponto de discussão. Com diversas poltronas ainda vazias e a necessidade de aprovação pelo Senado, o entrave atual se encontra nas negociações entre o Planalto e o centrão, representado por Davi Alcolumbre e seus aliados.
A influência partidária na escolha de dirigentes técnicos das agências acaba prejudicando a qualidade dos serviços oferecidos à população. Empresas sem capacidade são favorecidas, como é o caso da Enel em São Paulo, que presta serviços precários. O controle efetivo do Estado sobre esses contratos poderia levar a punições mais rigorosas.
As distorções no sistema criaram um cenário em que a ineficiência é tolerada, premiando a inação dos órgãos responsáveis. O consumidor, que arca com os custos, acaba sendo prejudicado por um ciclo vicioso que parece não ter fim.