Trabalhadores do IBGE fazem paralisação contra criação da fundação IBGE+ e possibilidade de privatização de pesquisas

Na manhã desta terça-feira, trabalhadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizaram uma paralisação de 24 horas em protesto contra as recentes decisões da presidência do órgão, liderada pelo economista Marcio Pochmann. A principal questão que motivou a manifestação dos funcionários é a criação da fundação pública de direito privado IBGE+, que poderá comercializar pesquisas para o mercado.

De acordo com Bruno Perez, diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE, a nova fundação representa uma ameaça à autonomia da instituição e à credibilidade das pesquisas realizadas. Perez afirmou que a criação da fundação foi realizada de forma sigilosa, sem diálogo com a categoria e registrada em cartório dois meses depois de sua concepção, o que levanta preocupações sobre possíveis privatizações dentro do órgão.

O sindicato também expressou insatisfação com outras decisões da presidência do IBGE, como a possível transferência da unidade localizada na Avenida Chile, no centro do Rio de Janeiro, para o prédio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) na região do Horto. As ações do presidente Marcio Pochmann foram classificadas como autoritárias e houve críticas pela falta de diálogo com os trabalhadores e outros membros da diretoria.

Diante da falta de abertura para negociações, os trabalhadores cogitam a possibilidade de uma greve mais longa, que será decidida em assembleia na próxima semana. A direção do IBGE declarou que não foi oficialmente informada sobre a paralisação e que tomou conhecimento do protesto pela imprensa. A nota emitida pelo órgão enfatizou a importância do diálogo e da comunicação prévia em casos de greve, conforme prevê a lei.

Em relação ao IBGE+, o Instituto afirmou que as restrições orçamentárias atuais exigem uma reorganização das relações público-privadas na instituição. Segundo a direção, a nova fundação permitirá a captação de recursos para realizar pesquisas em parceria com ministérios, bancos públicos e autarquias, ampliando as possibilidades de financiamento para projetos que antes eram limitados por questões legais.

Sair da versão mobile