Pesquisa aponta risco de escassez no Aquífero Guarani, que abastece 90 milhões de pessoas em países sul-americanos.
O pesquisador Didier Gastmans, do Centro de Estudos Ambientais da Unesp Rio Claro, destacou em entrevista a Agência Brasil a importância da chuva na entrada de águas novas no aquífero. A pesquisa realizada monitora o impacto da superexploração do reservatório, que tem se intensificado com a mudança de distribuição das chuvas na região de afloramento, responsável por alimentar o aquífero. A região de Ribeirão Preto, no norte paulista, é uma das áreas mais afetadas pelo problema, com aumento no número de poços e sinais de escassez de água desde a década de 1990.
Os efeitos da superexploração são evidenciados pelo rebaixamento dos níveis dos reservatórios e poços, afetando tanto pequenos produtores como grandes indústrias e empresas do agronegócio. Em algumas regiões, o rebaixamento chega a até 100 metros, o que representa um desafio considerável diante das proporções do Aquífero Guarani, que tem espessura de até 450 metros. A questão da qualidade da água também é uma preocupação, com a necessidade de um melhor planejamento e gestão dos recursos hídricos.
O pesquisador ressaltou a importância de ações efetivas por parte dos órgãos públicos, como a implementação de um sistema de monitoramento em tempo real e a integração entre a água subterrânea e superficial. É fundamental pensar em estratégias de uso sustentável da água para garantir a disponibilidade e qualidade dos recursos no longo prazo. A gestão do Aquífero Guarani pelo Estado de São Paulo é realizada de forma integrada com outros recursos hídricos, visando equilibrar as demandas de uso e a preservação ambiental.
A pesquisa, que contou com o apoio da Fapesp, utilizou técnicas avançadas de monitoramento para identificar a origem das águas no Aquífero Guarani e datar sua idade, contribuindo para um melhor entendimento da situação atual do reservatório. É fundamental que ações efetivas sejam tomadas para garantir a sustentabilidade do Aquífero Guarani e a segurança hídrica das regiões abastecidas por ele.