Conferência de abertura da Flip eletriza público com aula sobre João do Rio e celebração das culturas afro-brasileiras

Abrindo as Portas da Flip 2021 em Grande Estilo

A aguardada conferência de abertura da Flip deste ano, realizada na noite de quarta-feira (9), em Paraty, teve como destaque o escritor e professor Luiz Antonio Simas. Em uma apresentação eletrizante, Simas proporcionou ao público uma verdadeira aula sobre a vida e obra de João do Rio, trazendo um clima festivo ao evento literário, diferente da edição anterior que teve um viés mais acadêmico.

O professor envolveu a plateia ao celebrar as culturas presentes nas ruas e a influência africana no Brasil, lançando uma reflexão sobre a diversidade cultural em contraponto às festas fechadas e aos altos preços conhecidos da Flip. Este ano, a organização do evento realizou até um animado samba na praça após a conferência.

Com uma retórica envolvente, Simas iniciou sua apresentação com uma narrativa mítica sobre Exu, entoando uma canção de celebração ao orixá que ecoava “nós saudamos o senhor dos caminhos”. A presença e o carisma do professor arrancaram aplausos e burburinhos da audiência em vários momentos da noite.

A palestra abordou a herança africana na história do Brasil e os desafios enfrentados no início do século 20 com tentativas de embranquecimento da nação, resultando em um apagamento cultural significativo.

Simas, que também é babalaô no culto de Ifá, relembrou a modernização urbana no Rio de Janeiro no início do século passado, destacando a visão de João do Rio sobre a cidade e suas diversas culturas de diáspora. O autor homenageado descreveu uma cidade marcada por influências africanas, ciganas e judaicas, revelando a reconstrução cultural promovida por essas comunidades diaspóricas.

Apesar das críticas apontadas, Simas defendeu a atualidade da obra de João do Rio ao abordar questões como as transformações da modernização do país, o desaparecimento de profissões, o trabalho informal e a participação política das mulheres, entre outros temas relevantes.

Após a conferência, o público foi agraciado com o animado Samba da Bênção na praça, que contagiou a todos com as canções de Djavan, Jorge Aragão, Nei Lopes, Monarco e Zeca Pagodinho. A atmosfera festiva invadiu o ambiente, levando as pessoas a se levantarem das cadeiras e aproveitarem a música em movimento, como bem disse Simas, “morto é quem está vivo e não dança”.

Exibição do Vídeo Perdido do Velório de João do Rio

Antes da apresentação de Simas, a Flip exibiu um vídeo perdido do velório de João do Rio, ocorrido em 1921, que mobilizou cerca de 100 mil pessoas pelas ruas do Rio em homenagem ao escritor. O registro, encontrado pelo pesquisador Antonio Venâncio, revelou a comoção da cidade diante da perda de um notável literato da época.

A curadora da Flip, Ana Lima Cecilio, ressaltou a importância do vídeo ao proporcionar uma visão das manifestações e da comoção popular por ocasião da morte de um renomado autor.

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