Baixa representatividade negra: Mais de 600 cidades brasileiras terão Câmaras Municipais sem vereadores pretos ou pardos em 2022.

Novos vereadores nas Câmaras Municipais: desigualdade racial no Brasil

No próximo mês de janeiro, as Câmaras dos 5.559 municípios brasileiros serão renovadas, trazendo uma nova composição de vereadores. No entanto, um levantamento realizado pelo Deltafolha revelou que 11% desses municípios não terão sequer uma cadeira ocupada por pessoas pretas ou pardas.

De acordo com os dados, 626 cidades não elegeram representantes autodeclarados negros nas eleições deste ano. Dessas, 606 terão exclusivamente políticos brancos atuando. A maioria dessas cidades sem representatividade negra está localizada na região Sul do país, com 471 municípios nessa situação. No Rio Grande do Sul, por exemplo, mais da metade das cidades não terá vereadores negros na próxima legislatura, totalizando 258 municípios ou 52% do total.

O Censo 2022 do IBGE apontou que o Rio Grande do Sul é o estado com menor proporção de pessoas autodeclaradas negras no país, com 21,1%, enquanto os brancos representam 78,4% da população. Com isso, a partir do ano que vem, 252 Câmaras Municipais gaúchas serão compostas apenas por brancos, como é o caso de São Gabriel, que elegeu 15 vereadores brancos entre os 46.062 eleitores.

Além disso, o levantamento revelou que a quantidade de municípios sem nenhum negro no Legislativo quase dobra em relação às cidades onde todas as cadeiras serão ocupadas por pessoas pretas ou pardas. São 261 Câmaras Municipais nessa situação, principalmente concentradas no Nordeste, em cidades com menos de 73 mil eleitores.

Considerando o panorama para 2025, a população negra estará subrepresentada na maioria dos municípios brasileiros. Mesmo sendo o maior grupo étnico-racial do país, representando cerca de 56% da população, os vereadores negros serão maioria em apenas 45% das cidades, destacando-se os estados da Bahia e de Minas Gerais.

Em relação às eleições de 2024, foi observado que, pelo segundo ano consecutivo, candidaturas autodeclaradas negras foram proporconalmente maiores do que as brancas. O TSE registrou 188 mil candidatos pardos e 51,7 mil pretos, totalizando 239,7 mil inscrições, o que representa 52,7% do total. Uma pesquisa do Datafolha também mostrou que a maioria dos eleitores em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife considera insuficiente o número de negros nas Câmaras Municipais do país.

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