Família Bezerra Santos: da advocacia ao crime organizado, investigações apontam para lavagem de dinheiro em transações imobiliárias milionárias

No dia 20 de novembro do ano passado, a advogada criminalista Dayanne Bezerra Santos contatou, via WhatsApp, o gerente da conta corrente que ela mantinha no Banco Itaú, em São Paulo. Dayanne queria fazer um saque dali a quatro dias, no valor de 2 milhões de reais. O valor imediatamente acendeu um sinal de alerta no gerente, que perguntou à advogada o motivo de um saque com valor tão alto. Dayanne disse que o dinheiro seria utilizado para comprar um imóvel de Deric Elias Costa Silva, àquela altura investigado pela Polícia Civil por suspeita de associação criminosa e prática de jogos de azar ao fazer rifas de carros de alto valor em redes sociais. O gerente solicitou a ela cópia do contrato de compra e venda do imóvel, mas a advogada disse que só teria o documento após entregar os 2 milhões a Silva.

Imediatamente o banco comunicou o caso ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que, por sua vez, constatou movimentação de dinheiro na conta de Dayanne incompatível com seu patrimônio declarado à Receita Federal. Diante das conclusões do Coaf, o Itaú não só negou o saque milionário como encerrou a conta da advogada por suspeita de lavagem de dinheiro. Silva, o suposto vendedor do imóvel a Dayanne, acabaria preso em julho deste ano, acusado de assassinar um homem com onze tiros à queima-roupa, sete deles no rosto, em Osasco, Grande São Paulo.

Comprar imóveis na região metropolitana de São Paulo tem sido uma constante na rotina tanto de Dayanne quanto de sua mãe, Solange, e de suas duas irmãs mais velhas, ambas também advogadas criminalistas: Deolane e Daniele. Um levantamento da piauí em cartórios de imóveis no estado de São Paulo constatou que, apenas nos últimos dois anos, o patrimônio imobiliário do clã Bezerra Santos mais do que triplicou, passando de 4,7 milhões de reais no fim de 2022 para 16,7 milhões atualmente (os valores correspondem ao que foi formalmente declarado nos documentos de compra e venda). Um aumento de 260%.


As transações imobiliárias constantes, muitas vezes ultrapassando a casa do milhão de reais, misturam-se às suspeitas de que o clã Bezerra Santos esteja diretamente envolvido na lavagem de dinheiro do crime organizado. Em setembro último, Deolane e a mãe, Solange, chegaram a ficar vinte dias presas preventivamente, suspeitas de branquear milhões de reais do jogo do bicho em Pernambuco, terra natal da matriarca e das três filhas. Ao analisar as transações

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À Polícia Civil de Pernambuco, Deolane declarou, ao ser presa no início de setembro, ter uma renda mensal média de 1,5 milhão de reais, proveniente de honorários advocatícios e publicidade em rede social. Um valor e tanto, especialmente se comparado à infância miserável da família em Vitória de Santo Antão, zona da mata pernambucana. Quando Daniele, a primogênita (um ano mais velha do que Deolane e dois à frente de Dayanne) tinha 3 anos, a mãe divorciou-se do marido alcoólatra e violento. Trabalhou como cozinheira para sustentar as três filhas e, em 1996, repetindo a saga de muitos nordestinos, mudou-se para São Paulo. “Elas [as filhas] dormiam no colchão, e eu no tapete, na cozinha. Chorávamos abraçadas. Eu vim para cá com muitos planos, mas também com muitas incertezas”, disse Solange em entrevista à TV Record em 2022.

Apesar das dificuldades financeiras, as três filhas se formaram em dire

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