Batalha da Sé: Revoada dos Galinhas Verdes completa 90 anos e marca momento decisivo na política brasileira

No dia 7 de outubro de 1934 ocorreu na capital paulista a chamada “Batalha da Sé”, também conhecida como “Revoada dos Galinhas Verdes”. Este episódio, que completa 90 anos nesta segunda-feira, foi marcante na história do Brasil e da política do país, sob a presidência de Getúlio Vargas. Um amplo contingente de integralistas, a versão nacional do fascismo, foi expulso do centro da capital por grupos de socialistas, anarcossindicalistas, comunistas e democratas de várias correntes.

O confronto resultou na morte do jovem líder comunista Décio de Oliveira e deixou diversos feridos, incluindo forças policiais que apoiavam os integralistas. Conhecidos como “galinhas verdes” devido à cor de seus uniformes, os integralistas foram forçados a fugir pelas ruas de São Paulo, deixando para trás um rastro de camisas espalhadas.

A Batalha da Sé foi um marco importante no antifascismo brasileiro, contribuindo para enfraquecer a Ação Integralista Brasileira (AIB) e desmotivar a tentativa de Vargas de instaurar um regime autoritário com o apoio dos integralistas. O episódio foi retratado de maneira satírica pelo humorista Barão de Itararé, que publicou a famosa manchete “Um integralista não corre: voa”.

O sociólogo Fabio Mascaro Querido, em entrevista à Agência Brasil, destacou a importância do episódio na política nacional da época pré-ditadura de Vargas. Ele ressaltou que o integralismo era uma versão “nacionalizada” do fascismo europeu, apresentando uma ideologia efetivamente brasileira. Essa luta contra o fascismo, segundo ele, é um alerta para o combate à extrema-direita atual.

Quando questionado sobre a incapacidade da esquerda em seduzir parcelas da população, principalmente os jovens, Mascaro apontou para o declínio da capacidade das esquerdas em dialogar com setores sociais e apresentar um projeto alternativo de sociedade. Ele também destacou que a ascensão da extrema-direita revela o esgotamento do modelo político-partidário atual e a desilusão das pessoas com a política tradicional.

Por fim, o sociólogo alertou para a responsabilidade dos meios de comunicação na normalização de ideias da extrema-direita, especialmente nas redes sociais digitais. Ele ressaltou a importância de compreender as causas que levam as pessoas a adotarem essas ideias e apresentar uma alternativa credível para combater o extremismo de direita no mundo.

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