São Willian: o herói do hexa da seleção brasileira de futsal na final da Copa do Mundo contra a Argentina

O futsal está a anos-luz de distância da fama e da popularidade do futebol.

Teve final de Copa do Mundo neste domingo (6), no Uzbequistão, e acredito que pouca gente no Brasil tenha sabido disso, e acompanhado a partida, mesmo com exibição em TV aberta.

Além da pouca mídia destinada ao futsal, a data não ajudou, pois domingo de eleições municipais, com os brasileiros focados primordialmente nesses eventos, assim como os meios de comunicação.

Não podia ser diferente, devido à importância do dia para a democracia, porém quem soube, e teve tempo e interesse, viu um jogaço entre Brasil e Argentina.

Jogaço que teve um personagem marcante, o goleiro Willian Dorn, 29, ex-Joinville, atualmente no futsal da Rússia.

Na final, o Brasil só conseguiu equilibrar as ações contra os “hermanos” até ter vantagem por 2 a 0, o que aconteceu aos 13 minutos da etapa inicial –o futsal tem dois tempos de 20 minutos, com o cronômetro andando somente quando a bola está em jogo.

Depois dos gols de Ferrão e Rafa Santos, ambos de dentro da área e em lances de oportunismo, a seleção dirigida por Marquinhos Xavier, que tinha vencido suas seis partidas até a chegada à decisão, limitou-se quase todo o tempo restante a se defender.

Foi sofrido, especialmente nos sete minutos finais do segundo tempo, quando a Argentina passou a usar um goleiro-linha, recurso ofensivo, a fim de encurralar o Brasil na defesa.

Então brilhou, ou melhor, continuou a brilhar, a estrela do catarinense Willian, que não fez ótimas defesas apenas nesse período de extrema pressão, mas também antes, desde o primeiro tempo.

Foram 25 defesas nos 40 minutos, um número elevado (na média, mais de uma a cada dois minutos), tanto em chutes de longe –alguns deles violentos– como cara a cara.

Em uma comparação, o goleiro Sarmiento, da Argentina, fez 11 defesas.

Posso cravar que Willian realizou pelo menos três milagres (curiosamente, 3 é o número da camisa que ele veste), naqueles lances que o espectador/torcedor demora a acreditar que a finalização não acabou nas redes.

A única bola que entrou na meta brasileira, quando faltavam dois minutos para o fim da partida, foi em chute de Rosa (o goleiro-linha), em um rebote de uma defesa de Willian, em rara vez que ele não conseguiu rebater a redonda para a lateral da quadra ou para a linha de fundo.

No arremate do argentino, Willian, que estava caído, quase salvou – talvez não tenha tido êxito porque houve um leve desvio em Dyego, o capitão do Brasil.

Toda história de títulos da seleção brasileira, seja em qualquer esporte, tem pelo menos um herói.

Nessa equipe de futsal, na conquista diante do maior adversário, que rendeu o hexacampeonato ao Brasil, ele estava sob as traves, gigante com seu 1,84 m.

Depois das lágrimas de alegria e das entrevistas nas quais agradeceu à confiança da comissão técnica ao escalá-lo no torneio –deixando o experiente e respeitado Guitta, 37, na reserva–, Willian recebeu, sorriso aberto, a Luva de Ouro, láurea para o melhor goleiro da Copa do Mundo.

Não assisti às cinco conquistas anteriores do Brasil no futsal, então não tenho como avaliar o desempenho dos guarda-metas da seleção nesses Mundiais (1989, 1992, 1996, 2008 e 2012).

Porém me lembrarei de Willian, de agora em diante, como um dos grandes goleiros da seleção brasileira, seja no futsal, seja no futebol de campo. Está ao lado de Taffarel e Marcos –não vi Gylmar dos Santos Neves jogar.

Não importa que tenha sido uma atuação em só um jogo. Foi jogo valendo taça. Mais: foi final de Copa do Mundo. E mais: foi contra a Argentina.

Não é preciso ir além. Eu o nomeio “São Willian”, hoje e sempre.

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