Iphan se manifesta contra destruição de sítio arqueológico na construção da estação 14 Bis – Saracura no Metrô de São Paulo.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está em meio a uma disputa contra a destruição das estruturas de um sítio arqueológico descoberto durante as obras da estação 14 Bis – Saracura, que fará parte da linha laranja do Metrô de São Paulo, localizada no bairro do Bixiga. O embate entre a preservação da história e o avanço da construção foi comunicado aos moradores em uma reunião realizada no Museu Memória do Bixiga (Mumbi), pelo coletivo Mobiliza Saracura Vai-Vai.

A Lasca Arqueologia, empresa contratada pela concessionária Linha Uni, elaborou um parecer confirmando a presença de vestígios de uma ocupação datada da primeira metade do século 20. O local, conhecido como “Pequena África” ou “Quadrilátero Negro”, abrigava descendentes de quilombos e escravizados, sendo que o quilombo recebeu o nome de Saracura. A região foi marcada pela fundação, em 1930, da escola de samba Vai-Vai, uma das mais tradicionais da capital.

O Mobiliza Saracura Vai-Vai se reuniu com André Isper Barnabé, secretário-executivo da Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), em julho, e recebeu a garantia de preservação da estrutura histórica por parte do governo estadual, porém dependendo da anuência do Iphan. Uma comissão envolvendo o Iphan e a Fundação Cultural Palmares foi formada e se reúne mensalmente desde novembro de 2023 para discutir o assunto.

A comunidade defende a preservação das estruturas arqueológicas, que incluem mais de 30 mil peças, e propõe a incorporação desses elementos na estação, seguindo exemplos de estações históricas em cidades da Europa. O movimento ressalta que não é contra a construção da estação, mas sim a favor da preservação da memória e da história do local.

O Ministério Público Federal acompanha o caso desde julho de 2022, e o governo alega que o projeto atual não contempla as demandas do movimento, recusando-se a fornecer informações detalhadas. A questão central da disputa é a preservação das estruturas que contam a história de ocupação da região e a luta pela manutenção desses vestígios em meio ao avanço das obras do Metrô. A comunidade reitera a importância de respeitar o direito à memória e garantir a preservação da história local.

Sair da versão mobile