Em um cenário repleto de artigos que abordam o comportamento inadequado das pessoas e como identificá-las, é comum se deparar com manchetes que destacam sinais como “7 sinais de que seu chefe é um psicopata” ou “Como evitar o sociopata ao lado”.
Os termos psicopata e sociopata são frequentemente usados de forma intercambiável, inclusive ao se referir a personagens fictícios notórios, como Hannibal Lecter, o canibal serial killer de “O Silêncio dos Inocentes”. No entanto, a diferença entre esses dois termos pode gerar certa confusão.
O que é um psicopata?
A psicopatia tem sido discutida na literatura psiquiátrica desde o século XIX, embora a última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) não a reconheça como um transtorno clínico. O termo evoluiu ao longo do tempo, substituindo expressões como “distúrbio de personalidade sociopática” por “transtorno de personalidade antissocial”. Indivíduos com esse transtorno apresentam desrespeito crônico pelos direitos alheios, cometem violações da lei, mentem com frequência, são impulsivos e demonstram desconsideração pelas consequências de seus atos.
Por outro lado, o termo sociopata surgiu décadas antes e foi abordado inicialmente pelo psicólogo George Partridge nos anos 1930. A sociopatia foi substituída, com o tempo, pelo transtorno de personalidade antissocial, um termo mais comum na atualidade. A distinção formal entre psicopatia e sociopatia ainda gera debates, mas em geral, a sociopatia é menos definida do que a psicopatia.
Nato ou adquirido?
Estudos sugerem que a psicopatia pode ter bases genéticas, biológicas e psicológicas, resultando em um risco aumentado de comportamentos prejudiciais. Por outro lado, a sociopatia e seus comportamentos antissociais são influenciados pelo ambiente social do indivíduo. Fatores como abuso físico e conflitos na família podem contribuir para o desenvolvimento da sociopatia.
Quais são as consequências?
Embora representações fictícias como Hannibal Lecter possam sugerir que todos os psicopatas são assassinos em série, nem todos os indivíduos com traços de psicopatia ou sociopatia apresentam comportamentos violentos. A psicopatia está associada a comportamentos prejudiciais, recidiva criminal e até descumprimento de regras durante a pandemia de Covid-19.
Em resumo, enquanto a psicopatia tende a ser mais facilmente identificada e associada a comportamentos de risco, a sociopatia é menos claramente definida e seus resultados futuros são menos previsíveis.
Em poucas palavras
Embora não sejam consideradas transtornos mentais pelos manuais psiquiátricos formais, tanto a psicopatia quanto a sociopatia estão ligadas a comportamentos antissociais e apresentam características específicas. A compreensão da origem e das consequências desses traços pode auxiliar na identificação e prevenção de danos causados por indivíduos com essas características.
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