Grupo empresarial com histórico ambiental irregular acumula multas milionárias por incêndios no Pantanal e outras regiões do país.

Autora: Jornalista Investigativa

A Rumo, uma das maiores empresas do setor ferroviário no Brasil, se encontra sob os holofotes novamente, desta vez por uma multa de R$ 57,5 milhões aplicada pelo Ibama. A infração ocorreu devido a um incêndio no pantanal que consumiu quase 18 mil hectares de vegetação nativa protegida em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Esta não é a primeira autuação ambiental da empresa nos últimos anos, que acumula um total de pelo menos R$ 64,5 milhões em multas, sem considerar as penalidades mais recentes.

O levantamento realizado pela equipe da Folha de São Paulo considerou apenas as punições já pagas ou em aberto pela Rumo. Além do incidente em Corumbá, a empresa recebeu duas multas em 2023 na mesma região, totalizando quase R$ 33 milhões, por infrações ao controle ambiental e descarte inadequado de resíduos sólidos, como trilhos de ferro e dormentes de madeira em um córrego.

O incêndio no pantanal, causado por faíscas de uma serra elétrica durante uma manutenção na ferrovia, resultou em multas de R$ 50 milhões e R$ 7,5 milhões para a Rumo e uma terceirizada responsável pelas obras, respectivamente. A falta de brigadistas e medidas preventivas durante a operação, que começou em 16 de agosto e foi controlada apenas sete dias depois, foi destacada pela fiscalização, que investiga possíveis negligências no incidente.

A empresa, que faz parte do grupo liderado por Rubens Ometto, juntamente com companhias como Cosan e Raízen, se defendeu afirmando que as causas do incêndio estão sendo investigadas e contestando algumas informações divulgadas pelo Ibama. Não é a primeira vez que empresas do grupo se envolvem em questões ambientais, com multas por queimadas, contaminação, vazamento de óleo e despejo irregular de resíduos, levando a questionamentos sobre suas práticas sustentáveis.

A Raízen, por exemplo, recebeu multas anteriores e a Cosan, no seu balanço financeiro de 2023, menciona processos em nome da ferrovia Rumo. Ambas as empresas afirmam investir em tecnologias avançadas e padrões operacionais para prevenir acidentes e promover a transição energética segura e sustentável do país.

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